Por RODRIGO INDINHO
Representantes de povos indígenas produtores de açaí estão em Macapá para apresentar a safra de 2019 de 12 aldeias. As comunidades ficam localizadas ao longo da BR-156 e aldeia Açaizal, terra indígena Uaçá, no município de Oiapoque, a 590 quilômetros da capital. Na oportunidade, eles explanam a valorização do produto e a dificuldade que enfrentam para sua comercialização.
O grupo participa da reunião da Câmara de Comercialização de Produtos da Sociobiodiversidade e da Agroecologia do Amapá. O espaço é vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e reúne organizações governamentais e não-governamentais com o objetivo de ampliar as vendas de associações, cooperativas e agricultores familiares.
Segundo os indígenas, juntas essas aldeias produziram, aproximadamente, 54 toneladas de açaí de março até junho deste ano. De acordo com José Damasceno, liderança da aldeia Açaízal, mesmo com a comercialização das sacas, eles precisam de apoio nesta área.
“O principal problema que a gente enfrenta nas aldeias é com o transporte terrestre e fluvial. Não conseguimos chegar aqui em Macapá e nem em Oiapoque. Em geral, o transporte é muito caro e estamos tendo uma grande dificuldade”, revelou.
José Damasceno também ressaltou que o problema vem gerando grande perda financeira.
“Estamos perdendo dinheiro. Na safra você não colhe um terço da metade da quantidade de açaí que tem lá. Para Macapá, a gente tentou trazer algumas vezes mas não deu certo. Os atravessadores foram lá e queriam pagar um preço bem barato por causa da questão da estrada”, disse a liderança.
Sobre o prejuízo, Damasceno deu detalhes em valores.
“Essa safra agora arrecadamos quase R$ 30 mil, mas vendemos pouco por motivo de não ter o transporte. Se tivesse poderia chegar até R$ 80 mil, R$ 90 mil ou até R$ 100 mil. É um prejuízo enorme de R$ 70 mil por falta de apoio”, acrescentou.
O indígena falou ainda do principal objetivo do grupo em Macapá.
“Ter uma venda fixa de grande quantidade e o transporte até o manga e do manga até Macapá é o principal objetivo. Ajudaria bastante”, finalizou.
No encontro, os indígenas reforçaram que o açaí deles é diferenciado e que querem agregar o seu valor. Eles garantem que o manejo respeita o meio ambiente, fazendo gestão ambiental e territorial das terras indígenas mostrando o potencial que eles têm como extrativistas, como agricultores familiares e como cuidam da terra.