Morre o criador do Monte Tabor

O corpo de Tom Sobral será cremado e as cinzas lanças nos morros do Monte Tabor
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Por SELES NAFES

O fundador da comunidade terapêutica Monte Tabor, o psicólogo Tom Sobral, de 68 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (18), por volta das 7h, em um dos apartamentos do Hospital São Camilo. Ele estava cercado da família quando teve uma parada respiratória.

Tom Sobral lutava contra um câncer que se originou na cabeça e se espalhou. Ele chegou a ser internado na UTI, mas depois foi transferido para um apartamento onde passou os últimos dias de vida ao lado dos filhos e da esposa.

O corpo será velado a partir do meio-dia na Câmara de Vereadores de Macapá, e será cremado no período da tarde.

“As cinzas serão jogadas nas montanhas do Monte Tabor”, revelou um dos 13 filhos de Tom Sobral, o advogado Israelton Sobral.

O nome da comunidade é uma referência bíblica ao monte na Galileia onde os cristãos acreditam que houve a transfiguração de Jesus Cristo.

Política e vida simples

Nos anos 1990, o fundador do Monte Tabor, natural de Iguatú (CE), foi vereador de Macapá por dois mandatos. Apesar de ter entrado na política, ele nunca abandonou a vida simples, e fez questão que nunca adquirir patrimônio.

“Tudo o que ele ganhava investia no Monte Tabor. Meu pai nunca teve um carrão do ano. Ao contrário. Ele pediu doação de carros com carroceria para levar mantimentos para a comunidade”, lembra Israelton.

Tom acredita que os laços familiares eram essencial na recuperação da dependência química. Foto: Arquivo SN

A dedicação integral e desapego das coisas materiais fez com que Tom negligenciasse a própria saúde.

“Meu pai nunca teve um plano de saúde. Ele achava que o dinheiro que gastaria com um plano ele podia ajudar várias famílias”.

Em 28 anos de existência, mais de 10 mil pessoas passaram pelo Monte Tabor, homens e mulheres com dependência de álcool, cocaína, crack e outras drogas. Pessoas que tiveram uma segunda chance, se libertaram e tiveram tempo de alcançar o sucesso na vida.

“Muitas pessoas que se recuperam viraram pessoas bem-sucedidas, algumas morando até no exterior”, frisa o filho.

Foto de Tom tirada por um dos filhos em seus últimos dias, ainda sorrindo

Mas, ao longo dos anos, o centro de recuperação se tornou uma comunidade, hoje habitada por mais de mais 350 famílias. Tom acreditava que ter parentes por perto ajudava a recuperação de pessoas da dependência química, por isso o lugar foi crescendo e virou um vilarejo no KM 60, da BR-210, com casas, igreja, centro comunitário e um posto de saúde em construção com doações.

Além de investir nos laços familiares, a comunidade também realiza até hoje atividades agrícolas como terapia e como sustento. No entanto, o Monte Tabor continua vivendo de doações.

A ideia agora é levar o trabalho adiante, mesmo sem seu criador. Os filhos irão ajudar, e existe uma diretoria executiva que pretende continuar o trabalho.

Seles Nafes
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