Por MARCO ANTONIO P. COSTA
O paciente Josias Ferreira da Silva, de 69 anos, não consegue retornar de Belém, onde esteve por dois meses, em tratamento. Ele recebeu alta há algumas semanas, mas, segundo a família, o serviço de UTI aérea do Estado está suspenso por falta de pagamento.
A Sesa informou que a situação será normalizada até o próximo dia 20.
De acordo com a família, no final de 2018, Josias Ferreira da Silva, trabalhador da área de refrigeração, começou a sentir dores na garganta, que não cessavam. Ele procurou o serviço médico, e foi indicado a buscar um oncologista, foi quando foi diagnosticado com câncer na laringe.
Ele buscou o Tratamento Fora de Domicílio (TFD), e conseguiu fazer atendimento em Belém. No dia 6 de junho, cerca de duas horas após a primeira sessão de radioterapia, Josias teve uma parada cardiorrespiratória, e o procedimento para que ele voltasse a respirar só deu certo porque usaram tubos (sondas de oxigênio) pediátricos, pois as de adulto não conseguiam ultrapassar a obstrução que ele tinha.
O paciente também teve uma isquemia cerebral, uma espécie de Acidente Vascular Cerebral (AVC), foi quando foi levado por 19 dias para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Ophir Loiola. Depois, Josias conseguiu respirar sem a ajuda de aparelhos através de uma traqueostomia, e foi liberado para ir para a enfermaria.
“Hoje, ele necessita da gente, o laudo diz que ele perdeu a auto suficiência de tudo, ele não faz mais nada, ele acorda, dorme, mas não reponde a nenhum estímulo. Ele está, infelizmente, em estado vegetativo”, lamentou uma das filhas de Josias, Josinilda Vieira da Silva Pimentel, de 48 anos, técnica em saúde bucal.
Segundo ela, como o pai não pode responder aos estímulos, os médicos definiram que a radioterapia não tem como continuar, e que é a hora de Josias voltar para casa. Mas, o paciente não pode viajar de navio ou mesmo avião comercial, pois o risco de morte é grande. A família tem um laudo médico que é inequívoco em apontar que a transferência tem que ser realizada, necessariamente, através de transporte aeromédico, mas, o serviço está temporariamente suspenso.
“Meu pai está numa enfermaria, extremamente debilitado e exposto a infeções hospitalares, e, agora, não tem como voltar. Eu me revezo com meus irmãos, e é importante nessas horas falar sobre a realidade dura dos pacientes e acompanhantes que estão no TFD, é difícil a situação. Mas, agora, só quero trazer meu pai de volta”, desabafou Josinilda Pimentel.
A família já acionou a Ouvidoria-Geral do Estado, protocolou uma denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) e avalia entrar com uma ação na Justiça para garantir o retorno de Josias. Enquanto isso, eles procuram os caminhos formais e não formais para tentar sensibilizar as autoridades estaduais.
O que diz a Sesa?
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu nota para o Portal Seles Nafes, onde esclarece que, para normalizar o serviço aeromédico, aguarda repasse financeiro previsto para o dia 20 de julho. O órgão esclarece, ainda, que a regulação estadual do Amapá está monitorando a liberação de leito no Hospital das Clínicas Alberto Lima, para onde Josias deverá ser transferido.