Por SELES NAFES
A novela dramática que envolve empresas e trabalhadores do Amapá que prestaram serviços para a indiana Zamin pode estar bem perto de um final. O juízo da 2ª Vara de Falências do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu, no último dia 28, a recuperação judicial da DEV Mineração S.A, o novo nome da Zamin.
A decisão reconhece que a maioria dos credores aprovou o plano de recuperação da empresa, que se comprometeu a pagar, parceladamente, todas as dívidas deixadas pela Zamin. Em troca, a DEV poderá explorar o minério de ferro.
Em julho, a britânica Cadence Minerals, uma das empresas que estão investindo na Zamin, fez um depósito judicial de R$ 9 milhões para o pagamento de parte do passivo trabalhista. A Cadence comprou quase 30% da Zamin.
O plano é investir mais R$ 100 milhões para recuperar a estrada de ferro e reiniciar a operação da mina em Pedra Branca do Amapari, município a 180 km de Macapá. Com os lucros da operação, a DEV informou à Justiça que pretende pagar os credores da Zamin.
Crise
A crise começou ainda em 2014, logo após o desabamento do antigo Porto da Icomi, que estava sendo explorado pela Anglo American e depois pela Zamin. Seis operários morreram quando o porto flutuante construído nos anos 50 se desprendeu da margem e mergulhou no rio Amazonas.
O embarque de minério passou a ser feito com a ajuda de caminhões, numa operação muito cara, e aos poucos a atividade foi paralisando. Centenas de trabalhadores e de prestadoras de serviços levaram um calote de milhões, o que também afetou a economia na segunda cidade mais populosa do Amapá, Santana.
Na semana passada, em duas assembleias no auditório da OAB, em Macapá, categorias de credores do Amapá aprovaram o plano da DEV, o último e mais importante passo para que a empresa possa começar a pagar as dívidas e a explorar o minério de ferro existente em Pedra Branca.
Ainda não foi anunciada uma data para que a DEV comece a operar, até porque ainda será necessário recuperar a estrada de ferro e buscar licenciamentos. Mas esse avanço é muito mais do que um luz no fim do túnel para economia do Amapá, e trabalhadores.