Por SELES NAFES
Ainda não é oficial, mas o Corpo de Bombeiros do Amapá decidiu não reconhecer o ato de bravura de um sargento que salvou uma criança do ataque de um pitbull, há mais de um ano, em Macapá. O militar, que chegou a ser amplamente homenageado nas redes sociais, Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores, receberá apenas uma medalha da corporação que integra há 23 anos.
O salvamento ocorreu no dia 4 de janeiro de 2018, no Canal do Jandiá, na zona norte de Macapá. O sargento Anderson Oliveira, 43 anos, tinha voltado de uma longa missão na Força Nacional de Segurança (durante as Olimpíadas), e estava em casa com o filho quando percebeu o desespero e correria de moradores na rua.
Logo soube que num terreno próximo um menino de 8 anos estava sendo atacado por um feroz pitbull. O garoto tinha pulado o muro para tentar resgatar um papagaio, mas foi surpreendido pelo animal.
Quando o sargento chegou ao local, muitos moradores estavam em cima do muro de quase 3 metros, gritando e chorando. Do lado de dentro, o animal mordia o menino já desmaiado.
O sargento estava de short, camiseta, e apenas com uma corda que estava na mala do carro. Com a corda, depois da terceira tentativa, ele conseguiu laçar e puxar o animal para perto da escada que ele usava como apoio. O cachorro, em fúria, mordia até a escada.
Quando Anderson conseguiu imobilizar o animal, ele pediu que outro morador pulasse e retirasse o menino do terreno. Deu certo. O garoto foi levado para o Hospital de Emergência de Macapá com o braço esquerdo dilacerado e dois ossos quebrados. A força do ataque também deslocou o ombro do menino, que depois se recuperou dos ferimentos.
A notícia logo se espalhou pelas redes sociais, e o sargento do Corpo de Bombeiros recebeu menções honrosas na Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores. Algum tempo depois, ele pediu oficialmente que o salvamento fosse reconhecido como ato bravura pelo Corpo de Bombeiros, a maior premiação na carreira militar.
Sindicância
Uma sindicância foi aberta para tomar o depoimento do sargento e testemunhas. Esta semana, um ano e meio depois, o Conselho Deliberativo de Ato por Bravura decidiu que o sargento não fez mais do que a obrigação, mesmo estando de folga e sem equipamentos de segurança.
“A corporação entende que um bombeiro, mesmo de folga, continua sendo um bombeiro em qualquer situação”, avaliou a major Ana, responsável pela Comunicação Social do Corpo de Bombeiros.
Apesar de não ter o ato de bravura reconhecido, disse ela, o conselho decidiu condecorar o sargento com uma medalha, o que pode pesar numa futura promoção. A decisão ainda será publicada.
O sargento Anderson Oliveira, que vai ingressar com um recurso administrativo, foi procurado pelo Portal SelesNafes.Com, mas não quis comentar o assunto por se tratar de um processo interno e que envolve hierarquia.