Crianças autistas participam pela 1ª vez de sessão de cinema adaptada

Sessões especiais atendem pedido de deputada estadual da garantia dos espaços para o público autista
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Por RODRIGO ÍNDIO

Luz, câmera e ação. Foi em meio às gargalhadas e à pipoca amanteigada que crianças e adolescentes autistas participaram pela primeira vez de uma sessão de cinema mais do que especial nesta sexta-feira (23). O ambiente foi adaptado pensando na comodidade dos meninos e meninas.

Nessa primeira edição do projeto “Cine Mundo Azul”, participaram da sessão inclusiva associações que atendem autistas em Macapá e Santana. Cerca de 170 pessoas, entre autistas e acompanhantes, assistiram gratuitamente o filme Toy Story 4 em um shopping localizado na Rua Leopoldo Machado, no bairro do Trem, área central da capital.

Marciele Matos e o pequeno Orimar: está muito feliz. Fotos: Rodrigo Índio/SN

 

Katiúscia Silva e Herinaldo Nascimento, são pais da jovem Hevely Silva, de 16 anos, que tem autismo. Sem nunca ter pisado num cinema, a família chegou cedo na fila e achou interessante a iniciativa.

“É o nosso primeiro dia e estamos felizes por ela. O mais importante da inclusão é exatamente isso, a adaptação. Por ser a primeira vez, ela estava ansiosa em casa e a gente também. Esse tipo de iniciativa é importante para nossa filha saber que é lembrada e valorizada também para o lazer”, comentaram, felizes, os pais.

Herinaldo Nascimento, Hevely Silva, Katiuscia Silva: primeira vez que a família vai ao cinema

Cuidar de uma pessoa autista requer muito amor e atenção. Francilene Vaz, de 36 anos, é uma prova disso. Ela é mãe do Francisco, de 2 anos, e da Poliana, de 5 anos, que são autistas. É ainda professora de mais três meninas que também tem o transtorno. Abraçando os filhos e com um sorriso estampado no rosto, ela fala da experiência.

“Já tentei trazer meus filhos mas a sala escura incomodou eles e desistimos, porque minha filha que é autista severa entrou em crise. Com essa sessão adaptada para esses ‘anjos azuis’ trouxe meus filhos e meus alunos. Sou muito feliz pela oportunidade e por ter essas maravilhas [crianças autistas] em minha vida. Eu transbordo gratidão”, alegrou-se Francilene.

Centenas de pessoas participaram da sessão

 

Luzes parcialmente acesas

Depois das pessoas receberem, pirulitos azuis, pipoca e refrigerante, o filme começou. Ali, respeitando a neurodiversidade e as necessidades sensoriais de pessoas com o transtorno, a sala de cinema permaneceu com as luzes levemente acesas, o som mais baixo e a plateia ficou livre para se movimentar e interagir.

Foi o caso do Orimar Neto, de 4 anos, que é aluno de uma instituição de ensino do município de Santana. Acompanhado da mãe, Marciele Matos, o garoto estava com um óculos que simbolizava que ele realmente enxerga um mundo azul.

“O meu filho está andando pela sessão e assistindo, brinca e não tira o óculos porque vive no seu mundo. Antes eu não trazia ele para não atrapalhar as outras pessoas, hoje ele está muito feliz, é só olhar o sorriso dele. Espero que tenham mais oportunidades como essa porque eles precisam”, sugeriu Marciele.

Poliana, Francilene e Francisco: mãe e professora de criança autistas

Sessões inclusivas a autistas

As indicações n° 1093, 1094 e 1095/19 de autoria da deputada Marilia Góes (PDT), sugeriram aos 3 cinemas que atuam em Macapá, a realização de sessões inclusivas a autistas. O cronograma fica a cargo da direção de cada cinema.

Deputada Marília Góes: direito ao lazer

“Nós pensamos em várias políticas públicas para os autistas, mas também temos que pensar na inclusão através do lazer e entretenimento. Hoje, com a nossa indicação, conseguimos aqui no Shopping Macapá, o qual agradeço imensamente junto com o Moviecom, trazer a oportunidade para essas pessoas com uma programação diferenciada”, enfatizou Marília.

Seles Nafes
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