Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Na tarde desta terça-feira (13), estudantes, professores e sindicalistas realizaram uma manifestação contra o projeto “Future-se” do governo federal. O ato se concentrou na Praça da Bandeira e depois percorreu ruas do Centro de Macapá.
A manifestação faz parte do calendário nacional organizado por entidades, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e centrais sindicais em repúdio à proposta do Ministério da Educação (MEC) em implementar diversas mudanças no atual modelo universitário brasileiro.
O projeto foi anunciado pelo Ministro da Educação, Abraham Weintrub, no último dia 17 de julho, e sua formulação ainda está sendo finalizada. O conjunto de propostas deverá compor um Projeto de Lei que tramitará no Congresso Nacional.
De acordo com o MEC, o nome escolhido reflete a intenção do governo de modernizar e inovar as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), tendo como proposta central a mudança na forma de financiamento das universidades, justamente o ponto mais questionado pelas manifestações ocorridas em todo o país hoje.
“Nós estamos nas ruas hoje porque essa proposta é uma forma de privatização. O que Bolsonaro quer é se desobrigar de manter as universidades, deixando o financiamento a cargo das universidades, que irão ter que procurar empresas e outras formas para se financiarem. É um ataque ao ensino público”, declarou Maicon Nunes, de 26 anos, estudante do curso de engenharia da computação, da faculdade Meta e membro da UNE.
Cursos de humanas x curso de tecnologias
Presente em Macapá para palestras sobre o “Future-se”, o filósofo e professor Valdemar Sguissard, titular aposentado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), do Estado de São Paulo, avaliou a diferença de tratamento que poderá ocorrer entre ciências humanas e as ligadas às tecnologias, com a aprovação do projeto.
“Com o tempo poderá existir uma espécie de canibalização nas universidades, onde as áreas ligadas as humanidades poderão perder espaço para aquelas tidas como mais lucrativas para determinados nichos de mercado. Isto não é bom para nenhum país, a ciência perdendo espaço e financiamento como um todo poderá fazer com que o Brasil acentue seu atual caráter de exportador de matéria prima barata e importador de tecnologia cara. É péssimo para todo o país”, declarou o professor.
O ato, em sua maioria estudantil, ainda contou ainda com pautas como o questionamento à decisão da Justiça do Amapá de permitir o aumento das tarifas de ônibus e relembrou, em diversas manifestações, a morte do cacique Emyra Wayãpi.