Por OLHO DE BOTO
O brasileiro líder de um bando que aterrorizou garimpos ilegais na Guiana Francesa está de volta ao Amapá para cumprir pena. Manoel Moura Ferreira, o Manoelzinho, desembarcou no aeroporto Internacional Alberto Alcolumbre, em Macapá, onde foi recebido por agentes do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), no último sábado (17).
Manoelzinho estava desde 2012 no presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Ele e um comparsa, Ronaldo Silva Lima, o Brabo, foram presos em julho daquele ano em Macapá, com armas de grosso calibre, fuzis AR-15 e pistolas 9mm, de fabricação internacional, compradas no Suriname.
Naquela época, Manoelzinho já era procurado por ter chefiado uma emboscada, na Guiana Francesa, que resultou na morte de dois militares das Forças Armadas Francesas e pela tentativa de homicídio contra outros 22 integrantes das Forças Armadas e da Gendarmaria Nacional.
Quando foi preso em Macapá, Manoelzinho confessou a morte dos dois militares franceses. VEJA NO VÍDEO.
Pelos crimes contra os agentes de segurança da Guiana Francesa, Manoelzinho e Brabo ainda serão julgados. Se condenados por todos os assassinatos e tentativas de homicídios, eles podem pegar penas que variam de 112 a 280 anos de reclusão.
Em 2015 eles foram condenados pela Seção Judiciária de Oiapoque da Justiça Federal a nove anos de reclusão, por porte ilegal e tráfico internacional de armas de uso restrito. O caso foi federalizado porque não existe acordo de extradição entre os dois países, então cabe à Justiça Brasileira julgar os crimes praticados pelo brasileiro.
Manoelzinho foi transferido porque a presença dele no presídio federal não foi renovada. Agora cumprirá o resto da pena no Iapen. Brabo ainda está em Campo Grande.
Repercussão
O caso Manoelzinho, como ficou conhecido, gerou grande repercussão. À época dos crimes, ele tinha 24 anos e chefiava o bando criminoso mais notório de Dorlin, no município de Maripasoula, na Guiana Francesa.
Na região, distante cerca de 200 km da capital Caiena, funcionavam inúmeros garimpos ilegais de ouro em meio às florestas.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, cerca de seis meses antes do assassinato dos dois oficiais franceses, Manoelzinho tornou-se conhecido na região por massacrar um bando rival e assumir o domínio de garimpos clandestinos da região.
As ações policiais no local, na tentativa de desarticular esses dois bandos, eram relativamente frequentes, mas não conseguiam dar fim à situação. Durante uma dessas operações, no dia 27 de junho de 2012, Manoelzinho, Brabo e outros integrantes do bando montaram uma emboscada, a qual resultou na morte de dois militares das Forças Armadas francesas.
Na manhã daquele dia, foi deflagrada operação conjunta entre as Forças Armadas da Guiana Francesa e a Gendarmaria Nacional (força policial militar). Um efetivo de 40 agentes deslocou-se para Dorlin em quatro helicópteros.
Uma das aeronaves, com seis policiais a bordo, foi atacada com tiros de fuzil, quando os agentes se preparavam para desembarcar. Um oficial foi ferido, e a aeronave sofreu avarias graves, perdendo uma de suas turbinas, o que motivou o recuo da operação.
Cerca de quatro horas depois, a ação foi retomada com 18 agentes, que desembarcaram em local mais afastado e seguiram por terra em direção ao garimpo onde atuava o bando de Manoelzinho.
No caminho, entretanto, foram surpreendidos por uma emboscada e alvejados com tiros de fuzil, disparados por Manoelzinho e Brabo. Dois oficiais das Forças Armadas morreram e três gendarmes ficaram feridos a tiros.
Entre os crimes praticados pelo bando de Manoelzinho estão assassinatos, tentativas de homicídio, tráfico de drogas, assaltos, furtos, extorsão, ameaça e associação criminosa.