Por SELES NAFES
O delegado Jurandir Bentes, um dos mais experientes da Polícia Civil do Amapá, ficou surpreso com a decisão de uma juíza de Santana, cidade a 17 km de Macapá. Além de considerar que não foi grave a sessão de espancamento de motoristas de aplicativo por taxistas, a magistrada ainda mandou investigar o delegado que fez as prisões.
A decisão foi da juíza Michele Farias, do Núcleo de Garantias, durante audiência de custódia na última terça-feira (17). Um dia antes, motoristas de aplicativos foram agredidos com pedaços de madeira e pedradas quando um deles foi buscar passageiros no Porto do Grego, entre eles uma criança.
Dois taxistas foram presos em flagrante, e autuados por tentativa de homicídio, além de dano ao patrimônio e ameaças. Na audiência de custódia, eles foram liberados. A juíza classificou o episódio como “vias de fato”, ou seja, que houve luta corporal com agressões de ambas as partes. E a juíza foi além, ao determinar que a Corregedoria de Polícia investigue Bentes.
O delegado defendeu a tese de que houve tentativa de homicídio, porque a perícia avaliou que os ferimentos foram de natureza grave. Um dos presos, inclusive, estava armado com um terçado.
“As agressões foram tão graves, que uma das vítimas precisará voltar à Politec, em 30 dias, para fazer um exame complementar. Isso quer dizer que o legista quer acompanhar as consequências dos ferimentos”, explicou.
Bentes criticou a decisão da juíza, e disse que, como delegado, fez o raciocínio jurídico em cima dos fatos. Ele não vê motivo para que a magistrada tenha encaminhado o caso para a Corregedoria da Polícia Civil.
“Esse é o nosso dever. Se alguém (juiz) quiser discordar lá na frente que discorde, mas é preciso respeitar a avaliação do delegado, assim como respeitamos os membros do Judiciário”, comentou o delegado.
O Portal SelesNafes.Com fez contato com o Tribunal de Justiça do Amapá, que respondeu que nenhum magistrado se manifesta em processo que está em trâmite.