Por SELES NAFES
Pesquisadores da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e do Instituto de Estudos e Pesquisas Científicas (Iepa) estavam trabalhando na cidade de Santana, a 17 km de Macapá, identificando anfíbios da região. De repente, eles ouviram um canto diferente: era um “Sapo-Boi”, espécie encontrada oficialmente em apenas três estados brasileiros, e agora também no Amapá.
Apesar do nome, o Sapo-Boi é uma rã que tem tamanhos diferentes para machos e fêmeas. A fêmea é sempre maior, e pode chegar a 11 centímetros. O nome vem da principal característica do animal: o canto, que lembra o mugido de um boi.
Apesar de terem identificado pelo canto, foi difícil encontrar o animal. A espécie vive às margens de rios, lagos e outros cursos de água, mas fica muito bem escondida.
“Ainda não tínhamos conhecimento dessa espécie aqui. Fizemos uma busca, chegamos a gravar o canto dele, e tivemos muita dificuldade de encontrá-lo num braço do Igarapé da Fortaleza”, explica o biólogo Jackson Cleiton, um dos integrantes da equipe. O grupo de pesquisadores é formado também por Janaína Reis, Jucivaldo Dias, Sílvia Oliveira e Carlos Eduardo Campos.
Debaixo de folhas…
…está a entrada da toca feita pelo sapo
Biólogo Jackson Cleiton: pouco se sabe sobre a história natural dessa espécie
A descoberta foi publicada na Cheklist, revista científica dedicada a trabalhos que mostram a distribuição geográfica de várias espécies de animais no mundo.
A descoberta de que o Sapo-Boi também habita o Amapá é uma informação preciosa para os estudos. Os pesquisadores acreditam que sabendo como algumas espécies estão distribuídas, é possível depois entender a importância delas para determinados sistemas ecológicos.
Essa espécie, que por alguns autores, é considerada rara na Amazônia, era encontrada apenas no Amazonas, Rondônia e Roraima, além da Guiana Francesa e Peru.
“Não está ameaçada de extinção, mas pouco se sabe sobre a história natural dessa espécie. Eles podem ser encontrados nas margens de lagos e igarapés, mas são difíceis de serem localizados por uma característica peculiar. Eles ficam em túneis cobertos por folhas e galhos, e a gente acaba não encontrando a entrada”, justifica o biólogo.