Por SELES NAFES
Uma postagem feita no Facebook neste domingo (1º), dia da Parada do Orgulho LGBT, na orla de Macapá, virou caso de polícia e deve também parar nos tribunais. A coordenação do evento classificou a mensagem como homofóbica, e decidiu que vai processar o professor da rede estadual do Amapá que relacionou a manifestação a casos de Aids.
“Hoje, a orla de Macapá só cheira a Aids”, dizia uma postagem com tema colorido publicada pelo professor Milton Santos, servidor da Escola Estadual Castelo Branco, colégio situado no bairro do Beirol.
“Impossível acreditar que alguém assim seja professor”, reagiu um internauta.
“Inacreditável que venha de um professor”, disparou outro.
Foram vários comentários. A postagem teve mais de 1,2 mil reações (entre curtidas e protestos), mais de 1 mil comentários, e 259 compartilhamentos até a tarde desta segunda (2). Diante da reação indignada de alguns internautas, o professor manteve o tom ríspido e bateu boca com quem o criticou.
“Naquela bosta de movimento tem meu dinheiro sem a minha permissão. Eu falo do jeito que eu quiser, seu fresco”, respondeu.
Apesar da polêmica, as postagens não foram apagadas pelo professor Milton Santos. Ele ainda não respondeu aos questionamentos do Portal SelesNafes.Com.
A direção do movimento LGBT e a coordenação da parada deste domingo informaram que irão registrar boletim de ocorrência numa delegacia de polícia nesta terça-feira (3), além de procurar o Ministério Público do Estado.
“O Brasil já superou faz muito tempo esse estigma de que só a comunidade LGBT está diretamente ligada ao casos de HIV. Foi uma ignorância”, avaliou o coordenador da Parada LGBT, André Lopes.
Financiamento
Sobre a utilização de dinheiro público na Parada, André garante que cada R$ 1 investido gerou outros R$ 3, graças ao movimento no comércio formal e informal no entorno do evento.
“A Parada também gera renda. Ele (o professor) precisa perguntar se os comerciantes e ambulantes estão chateados com o evento. (…) Essa é uma postura que tenta nos estigmatizar, e que pode ser enquadrada como racismo, de acordo com defensores com quem já conversamos”, acrescentou.
O coordenador disse esperar que o professor seja condenado pela justiça a prestar serviços em uma entidade dedicada a pessoas da comunidade LGBT.
“A justiça também pode ajudar as pessoas que não conseguem compreender que a Parada do Orgulho LGBT é um direito garantido por lei. Isso não passa de um grande assédio moral. Além da violência física, sofremos com a violência simbólica”, frisou.
Segundo os organizadores, a Parada do Orgulho LGBT arrastou cerca de 70 mil pessoas pela orla de Macapá durante toda a programação.