“Prazer em fazer parte dessa história”, diz promesseiro em chegada da corda do Círio

Com 250 metros de comprimento, símbolo religioso é distribuído aos fiéis após a celebração
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Por RODRIGO ÍNDIO

Após dias na estrada, chegou à capital amapaense a Corda do Círio de Nazaré 2019, um dos principais ícones da festividade que acontece no segundo domingo de outubro (13). O objeto de devoção, utilizado para promessas e agradecer graças alcançadas, foi doado à coordenação da festividade nesta segunda-feira (9).

A doação foi feita por uma empresa de transportes de mercadorias, que fez a locomoção da corda desde Rondonópolis, em Mato Grosso, onde é produzida, até Macapá. A empresa já faz essa doação pelo nono ano seguido.

Símbolo do Círio veio do Mato Grosso para o AP. Fotos: Rodrigo Índio/SN

A Corda, que tem cada centímetro disputado por milhares de fiéis, tem 250 metros de comprimento, 50 milímetros de diâmetro e foi confeccionada artesanalmente com sisal.

Com um olhar de gratidão, o promesseiro Paulo Lemos (foto de capa) ajudou a retirar a corda do caminhão e se emocionou. Para o devoto, o momento é único em sua vida. Subindo as escadarias da Catedral de São José, ele disse que faz questão e tem o prazer de fazer parte da organização do Círio de Nazaré junto com os amigos.

“É o prazer da minha vida fazer parte dessa história. Somos um grupo de 4 amigos que se reuniu para tentar melhorar a condição da procissão, aí a gente vai colocando idéias, tudo de comum acordo com a Diocese para que todos os fiéis consigam demonstrar sua fé por Maria de Nazaré. No dia, a gente se reúne 5h da manhã na minha casa, tomamos café, oramos e levamos a estrutura para a procissão”, disse.

O promesseiro Paulo Lemos (canto esquerdo de camisa azul) ajuda a desenrolar a corda

Durante a procissão, a Corda é atrelada à Berlinda com a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré e milhares de fiéis puxam-na, dando ritmo à caminhada. Porém, engana-se quem pensa que administrar a corda seja uma tarefa fácil. Para isso, é preciso ensaiar pra ter coordenadas. É o que explica Júnior Nestor, também promesseiro.

“Temos ensaios dias antes da procissão. Levamos a corda pelo trajeto por onde ela vai passar, principalmente os momentos de curvas que precisam ser muito bem calculados para que não haja nenhum imprevisto. O objetivo é que a berlinda fique protegida e que os fiéis acompanhem a corda para demostrar sua fé”, detalhou.

Júnior Nestor: ensaios para proteger a berlinda e conduzir a corda

No dia 6 de outubro acontece a missa de benção da corda e dos promesseiros, às 19h, na Catedral São José. Na ocasião também serão abençoados os carros e os voluntários que colaboraram na sonorização do Círio de Nazaré.

No dia do Círio 2019, após a celebração, os 250 metros serão cortados e distribuídos aos promesseiros.

Padre Rafael Donneschi, da coordenação do Círio, conta a história da corda

História da corda

Talvez nem todo mundo saiba da origem da corda. O padre Rafael Donneschi, Coodenador Geral da Festividade do Círio de Nazaré no Amapá, resumiu a história.

“A corda nasceu por uma questão muito prática, em Belém em 1800, na época do Círio, as ruas não eram asfaltadas e tinham buracos. A berlinda era muito pesada porque era carregada em cima de um carro de boi e custava a sair de certos buracos. Então, alguém teve a ideia de amarrar ao carro de boi uma corda. Aí, todo ano o pessoal achava que devia ajudar a carregar a berlinda e a corda foi aumentando e se tornando um dos símbolos mais importantes de todos os círios. Hoje a corda permanece com o mesmo sentido: ‘Eu quero ajudar nossa senhora a caminhar pelas ruas da nossa cidade’. Daí, o símbolo religioso que diz que quem carrega a corda, carrega a imagem de nossa senhora e quer ela em sua vida”, explicou o padre.

Seles Nafes
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