Professor que relacionou LGBT’s à Aids responderá criminalmente, diz delegado

O delegado-geral da PC-AP, Uberlândio Gomes, recebeu a denúncia dos movimentos LGBT e de pessoas soro positivo
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Por RODRIGO ÍNDIO

Nesta terça-feira (3), a comissão organizadora da Parada do Orgulho LGBT+ apresentou denúncia contra o professor Milton Santos após uma postagem feita por ele no Facebook, que relacionou a manifestação a caso de Aids, no ultimo domingo (1°). Os representantes do movimento foram recebidos pelo delegado-geral da Polícia Civil do Amapá, Uberlândio Gomes, e entregaram diversas cópias de publicações que eles consideram como crime de ódio.

Ao receber a denúncia, Uberlândio Gomes informou que a pessoa que publicou as ofensas irá responder criminalmente pelo cometimento de vários delitos, inclusive com várias vítimas.

Mensagem publicada pelo professor

“O STF já disse que esses comportamentos homofóbicos são caracterizados como racismo, então há uma sansão expressiva, trata-se de crime imprescindível. Iremos apurar com detalhes e com muita responsabilidade a origem dessas postagens. A gente sabe que ele não ofendeu simplesmente uma pessoa, foram várias classes de pessoas e será apurado na forma da lei, no aspecto criminal”, destacou.

O delegado-geral ressaltou que é possível que esse movimento possa entrar com uma ação de indenização civil para que o professor repare o dano causado a essas vítimas. Ainda não é possível afirmar qual seria a pena paga pelo acusado, caso seja condenado.

“Isso é muito relativo ao quantitativo de números de vítimas, quanto mais vítimas comparecem na delegacia, maior será o critério da pena. Temos uma delegacia específica no Araxá que trata sobre os crimes praticados contra essas minorias e grupos de vulnerável. O delegado Neuton ficará responsável pelo caso”, detalhou.

Prints das declarações foram entregues junto com a denúncia. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Uberlândio disse ainda qual será o próximo passo.

“Hoje mesmo estou repassando para o delegado, o inquérito será tombado e em seguida será instruído esse procedimento. Daremos agilidade para que haja uma resposta à sociedade, porque nos tempos de hoje não se pode tolerar esse tipo de propalação ofensiva à dignidade e direitos humanos. Lembrando que quem compartilhou e tem o mesmo pensamento do autor da postagem pode também responder”, finalizou.

De acordo com estatísticas da Polícia Civil, em 2018 o caso de crimes nas redes sociais no Amapá foram de 332 ocorrências. Em 2019, em apenas sete meses, o número já passa de 600 casos. A ideia é criar ainda este ano uma delegacia específica de crimes cibernéticos.

Lideranças de movimentos conversaram com o delegado Uberlândio Gomes sobre o caso

Segundo André Lopes, coordenador da Parada do Orgulho LGBT, as cópias provam que o professor não comete somente crimes contra a população LGBT, mas também contra pessoas que vivem e convivem com HIV e Aids, além da população em geral.

“A gente apresenta todas essas cópias e solicita, através da nossa legislação, fazer um processo educacional, porque em pleno século XXI é inaceitável agressão contra os direitos legais dessa população e a injustifica, porque a Parada do Orgulho LGBT precisa cada ano ser mais forte, porque ainda há pessoas que querem nos retirar direitos e ainda nos negar o direito à vida”, disse.

Denúncia recebida…

 

… pela Polícia Civil

André afirmou que o movimento vai continuar buscando meios legais para que Milton Santos pague pelos crimes cometidos.

“A comunidade LGBT não irá desistir, como diz o poeta: Eles passarão e nós passarinho, porque a gente sonha, a gente voa, a gente acredita nos direitos fundamentais da constituição. Ele vai aprender e outras pessoas vão aprender, nós vamos até as últimas consequências na vara civil e criminal”, assegurou.

Ativistas prometem ir até as últimas consequências contra as declarações

Fabrício Oliveira, representante do fórum de ONG/Aids do Amapá, informou que já há uma mobilização nacional por parte de movimentos de pessoas soro positivo que repudiam a atitude de Milton Santos.

“No domingo mesmo mobilizei os movimentos de luta contra a Aids no Brasil. No Amapá temos mais de 2 mil pessoas que fazem o tratamento contra a doença, a atitude desse tal ‘intelectual’ causa desconforto em quem faz esse tratamento. É uma situação difícil, de preconceito, de estigma e que pode acarretar grandes problemas. Lutaremos para não ficar impune”, comentou Fabrício.

As oitivas das vítimas serão ouvidas a partir de 9h da manhã nesta quarta-feira (4), pelo delegado Neuton Gomes, na 5ª Delegacia de Polícia.

Seles Nafes
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