Por RODRIGO ÍNDIO
Ver o pai querendo ser mais produtivo, fez Sofia Santos buscar ajuda na escola. A menina, de 12 anos, estava preocupada com o desânimo do genitor, que também anda estressado devido o trabalho, como motorista de ônibus.
A estudante, que sofre com o que vem acontecendo em sua família, também já pensou em desistir de tudo por não enxergar sentido na vida, e por achar que as situações adversas nunca vão passar. Hoje, ela se orgulha por não deixar os problemas a atormentarem. A jovem desabafa.
“No início do ano, meu pai começou a ficar diferente. Ficou muito deprimido, ele era super alegre em casa. Há 4 meses, ele parou de ir ao psicólogo e não toma mais remédios. Sofro com isso, que me sobrecarrega. Ele diz que não aguenta mais, vejo o sofrimento dele e sofro junto. Queria dizer que não quero perdê-lo, eu o amo demais, quero vencer isso com ele e pra isso pedi ajuda da escola. Vamos conseguir”, disse chorando a menina.
Sofia é aluna do 7° ano da Escola Estadual Barão do Rio Branco. Ela é acompanhada pelo núcleo de práticas restaurativas da instituição. Com o objetivo de continuar conscientizando a população sobre a importância da prevenção ao suicídio, ela participou neste sábado (5), da 1ª edição da “Caminhada quem cuida da mente, cuida da vida”, que integra as atividades da campanha Setembro Amarelo da instituição de ensino.
Os participantes, incluindo estudantes, pais, professores e gestores vestiram amarelo em prol da promoção da saúde mental. Carregando cartazes e faixas com mensagens de incentivo e apoio, eles seguiram em caminhada pelas principais ruas do centro comercial de Macapá.
Segundo a diretora, Ágatha Favacho, além da caminhada, a unidade escolar promoveu, durante todo o mês de setembro, diversas atividades sobre a temática, a exemplo de palestras ministradas por especialistas convidados para explanar diversos temas. Ela enfatiza que na escola existem alunos que sofrem com esse mal e que cada caso é acompanhado de forma especial.
“Já tivemos tentativas de alunos da escola em tirar a vida e nós fizemos o acompanhamento e trabalhamos com eles que são atendidos pelo psicólogo da escola. Toda a equipe de fato é bem pertinente e atenta às atitudes dos alunos para realizar um trabalho de valorização da vida de cada um deles”, disse a gestora.
Mãe de aluno, Jussara Amanajás, fez questão de participar da caminhada. Ela já teve crises de ansiedade e tem uma irmã que sofreu bastante com a depressão. A professora, de 37 anos, falou da importância desse tipo de ação.
“Lidar com isso é uma grande dificuldade, mas quando você tem fé, apoio dos seus familiares e amigos você vence. O que a escola está proporcionando hoje é uma ajuda muito grande porque às vezes essas crianças e jovens não se abrem com os pais, se abrem na escola e vão vencendo essa dificuldade. Para muitos, a depressão e crises de ansiedade podem ser frescuras, mas infelizmente não é, leva ao pior que é alarmante em nosso estado e precisamo combater”, disse.
A caminhada que teve cerca de 500 participantes. Segundo a organização, contou com o apoio do policiamento escolar do 6° BPM e encerrou no Parque do Forte.