Da REDAÇÃO
Governadores brasileiros e de outros países que compõem a Amazônia veem no papa Francisco um aliado de peso para estabelecer acordos de desenvolvimento da região e ao mesmo tempo preservar a floresta e minimizar os efeitos das mudanças climáticas.
Para isso, eles estão desde a segunda-feira (28) na Cidade-Estado do Vaticano, na Itália, para a 1ª Cúpula dos Governadores dos Estados da Pan-Amazônia, que abrange as áreas amazônicas de Brasil, Colômbia, Equador, Bolívia, Peru, Venezuela, Guianas e Suriname.
O governador do Amapá, Waldez Góes, que participa do evento como presidente do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, apresentou às autoridades religiosas da Igreja Católica a Declaração da Pan-Amazônia.
O documento utiliza conceitos da Encíclica Laudato Si, livro de autoria do Papa Francisco, que traz os resultados do Sínodo e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). Defende um modelo de desenvolvimento da região fundamentado em uma economia verde que impulsione a produção, gere emprego e renda, e ao mesmo tempo favoreça o combate às mudanças climáticas e respeite os direitos das populações tradicionais, em especial dos povos indígenas.
O documento tem 14 itens que resumem o compromisso dos subgovernantes brasileiros e de outros países que compõem a Amazônia e a estratégia para o desenvolvimento sustentável da região.
“A região amazônica conserva as principais características de seu patrimônio natural e de sua riqueza biológica, mesmo sofrendo as consequências de um modelo de desenvolvimento predominante que tem demonstrado ineficácia e produzido prejuízos ao meio ambiente. Precisamos mudar essa realidade”, enfatizou Góes, durante a apresentação do documento.
A cúpula de governadores acontece no dia seguinte ao término do 11º Sínodo da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, que teve como tema “Caminhos e Compromissos para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia” e foi conduzido pelo próprio Papa Francisco.
A cúpula quer ampliar a discussão e aproximar o diálogo entre os governos amazônicos com a comunidade internacional por conta da crise climática e dos atuais desafios das sociedades amazônicas.
“Esse instrumento [o Consórcio da Amazônia] assegura a legalidade e estabilidade na ocupação de áreas liberadas para atividades econômicas de baixo carbono, bem como a manutenção daquelas destinadas a qualquer tipo de proteção ambiental. Estamos comprometidos com os direitos de nossas populações tradicionais, nossos indígenas, ribeirinhos, caboclos, extrativistas e quilombolas, articulando o desenvolvimento de uma economia verde que gere oportunidades de emprego e renda para nossa gente”, ressaltou o presidente do Consórcio, durante a leitura da Declaração.