Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Se nada mudar nos próximos meses, o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal do Amapá (Unifap), localizado no Campus Marco Zero, na zona sul de Macapá, vai funcionar com apenas 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dos 60 que estavam previstos.
A informação foi confirmada pelo Portal SelesNafes.com com fontes da Comissão de Implantação do HU. Além disso, todos os demais serviços considerados de alta complexidade, a maior deficiência na saúde do Estado do Amapá, também ficarão de fora.
A EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) é quem administra a maioria dos hospitais universitários do país. Trata-se de uma empresa pública de direito privado. É da EBSERH que partiu a proposta, na hora da assinatura do contrato de gestão do HU, de que o hospital seja de pequeno porte.
“A Comissão foi contra essa proposta da EBSERH de termos apenas um hospital normal. O nosso gargalo na saúde do Amapá não são problemas corriqueiros, são questões mais complexas, problemas neurológicos, vasculares, cardíacos e outros casos que amapaense tem que ir para outros estados tratar através do TFD [Tratamento Fora de Domicílio], o que é um gasto grande que o Estado tem”, contrapôs a fonte ouvida pelo Portal SN.
Pressão política e protesto
Enquanto o contrato de gestão do hospital não for assinado, a situação ainda pode ser revertida. Uma decisão política pode mudar a atual proposta da EBSERH e retornar ao projeto original, para um HU que possa atender casos mais complexos.
No início da semana, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) utilizou as redes sociais para denunciar a minuta do contrato elaborado pela EBSERH no que chamou de “grande UBS”, numa alusão às Unidades Básicas de Saúde – unidades de baixa e média complexidades.
A estudante de enfermagem Ingrid Gibson afirma ter ficado perplexa com a proposta, que classificou como “bomba”.
“É uma notícia que choca, esse documento da EBSERH cai como uma bomba. Assim como a sociedade toda estava aguardando ansiosamente por esses serviços que foram prometidos, os acadêmicos também estavam aguardando. É uma perda para o ensino, para a pesquisa, para a saúde do estado e até para a economia”, analisou a estudante.
Acadêmico do 8º semestre do curso de medicina, Thiago Peixoto vai na mesma linha de raciocínio de Ingrid. Para ele, além do prejuízo para a sociedade, os acadêmicos também ficarão na mão com a proposta da EBSERH.
“É vital ter acesso à essas especialidades médicas na prática de ensino. Outro ponto é a questão das residências [especialização médica], porque quando você amplia as vagas de residência médica, você ajuda a fixar o médico no local, na prática, isso ajudaria a que tivéssemos mais médicos no Estado”, afirmou o estudante, que também é conselheiro universitário.
Estudantes dos cursos de saúde estão organizando, para a próxima segunda-feira (14), uma mobilização em defesa do HU na Unifap. A manifestação está marcada para 11h, no Centro de Vivência do Campus Marco Zero.