Por JÚLIO MIRAGAIA
Nesta terça-feira (22), 8 brasileiros foram presos por policiais de fronteira francesa, quando transportavam, em uma embarcação, mercadorias pelo Rio Oiapoque. A ação está sendo criticada por moradores, que alegam precisar usar o lado francês para atravessar o rio. Eles pedem a libertação dos presos e a liberação de cerca de 2 toneladas de mercadoria.
O grupo, formado por homens e mulheres que não tiveram suas identidades reveladas, seguia para o Distrito de Vila Brasil, no município de Oiapoque, no norte do Amapá, na região que faz fronteira com Guiana Francesa. Segundo um trabalhador de frete de mercadorias, que presenciou a ação, os brasileiros foram surpreendidos e tiveram os celulares apreendidos.
O autônomo relatou que, nesta época do ano, o verão é forte e os canais às vezes se dão do lado brasileiro e outras vezes do lado francês. Assim, a região do rio, conhecida como “Grand Roche”, se torna um ponto estratégico de transbordo das mercadorias para quem navega nas águas turbulentas das inúmeras corredeiras e cachoeiras.
A prefeitura de Oiapoque criticou a ação da polícia francesa. O titular de relações internacionais do Município, Isaac Silva, declarou que atividades dessa natureza devem ser deliberadas em comum acordo com as forças de segurança e defesa brasileira.
Segundo Silva, em algumas partes, os canais navegáveis na calha do Rio Oiapoque têm que ser compartilhados para não causar transtornos aos moradores do vale do rio, como o ocorrido nesta terça-feira.
“Avaliamos esse tipo de situação como algo errado. O direito de ir e vir do cidadão está sendo tirado aqui dos moradores do vale do Oiapoque. Quem mora no distrito tem uma dificuldade imensa de chegar ao destino deles”, disse Isaac Silva.
Ele defendeu ainda uma resolução mediada por autoridades, como parlamentares, para a crise na região.
“Precisamos urgentemente que os senadores e a bancada federal faça audiência pública para tratar com os moradores do vale do Rio Oiapoque, para discutirmos em comum acordo com autoridades francesas um regime especial de cooperação para uso de áreas de conflitos como a Grande Roche”, finalizou.
Até o fechamento desta matéria, o grupo de brasileiros continuava preso do lado francês.