Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Passando por uma grave crise política que se acirrou com a renúncia do presidente Evo Morales, a Bolívia tem sido destino de vários estudantes nos últimos anos, incluindo do Amapá, em busca do tão sonhado diploma na área de medicina.
A amapaense Kimberly Bárbara da Conceição Moraes, de 23 anos, mora na Bolívia desde fevereiro de 2018 e cursa medicina na Universidade Privada Abierta Latinoamericana (Upal), mas está sem aulas há 22 dias.
Ela conta que bancos e supermercados estão com horários de funcionamento reduzido, mas que, por enquanto, não há problemas mais graves de abastecimento e alimentação.Os sistemas de transporte estão paralisados, e esse é um dos motivos para que a sua universidade não esteja funcionando.
“Têm dias que os mercados ficam abertos só até as 13 horas, os bancos na semana passada também só abriram de manhã. Aqui a cidade é muito, muito grande e como paralisaram várias ruas, não estão rodando mais as trufis [uma espécie de minivan] e praticamente só tem moto rodando”, contou a estudante.
Kimberly mora em Cochabamba, a terceira maior cidade boliviana com quase 600 mil habitantes, localizada no centro do país andino, há 379 km da capital, La Paz. Além de estanho, prata, cobre e da produção agrícola, especialmente coca, a cidade tem característica universitária, sendo os brasileiros os que mais buscam o destino.
O principal motivo é o valor da mensalidade nos cursos de medicina, que gira em torno de R$ 1 mil reais, a depender do câmbio. O preço, que está muito mais em conta do que nas mensalidades de universidades brasileiras, também é o que levou a jovem amapaense para a Bolívia, embora agora ela veja o futuro como incerto.
“Meu plano era me formar, mas sinceramente no momento eu só quero ir embora. Acredito que o trabalho de Evo para a economia foi muito importante, ele foi eleito por 3 vezes por vontade do povo, com uma quantidade razoável de votos, mas na quarta vez ele mesmo fez um plebiscito e o povo votou não. Na minha opinião, o golpe só aconteceu porque o Evo não quis ceder antes”, opina Kimberly.
A estudante afirma que seus pais seguem preocupados, mas tranquiliza parentes e amigos de que está bem e que a tensão política, por enquanto, está maior em El Alto e em La Paz.
A estudante está de passagem comprada para dezembro para Macapá. Remarcar, segundo ela, sairia caro e o pior da crise, estima Kimberly, talvez já tenha passado.