Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
“Além de gay e negro, ainda é maconheiro”, são as palavras que Sandro da Conceição Freitas, de 22 anos, acusa um dos seus professores de tê-lo chamado na frente de toda a turma, começando, assim, uma série de agressões verbais, físicas e ameaças.
O fato teria ocorrido no dia 10 de maio deste ano no curso de direito da Faculdade de Macapá (Fama) e o professor acusado se chama Delson Souza Silva, que leciona as disciplinas psicologia do direito e metodologia científica.
Após o primeiro fato, Sandro conta que buscou a coordenação do curso de direito e foi orientado a aguardar, que a coordenação iria tomar as medidas cabíveis. Mas a situação se agravou.
Na aula seguinte, o professor tendo sido alertado sobre a denúncia do estudante, foi até o mesmo, novamente na frente da turma, e lhe deu dois tapas fortes nos ombros, lhe dizendo que não era preconceituoso, que estava há 11 anos na Fama e que não seria Sandro que o tiraria de lá.
O estopim teria sido causado quando Sandro apresentou um trabalho, que era de tema livre, sobre os benefícios da maconha, especificamente do remédio conhecido como canabidiol. O trabalho teria motivado o início dos ataques.
O professor também teria se negado a corrigir o trabalho. Ao invés de colocar a nota ou indicações acadêmicas, o professor apenas escreveu a palavra “preconceito” em cima do trabalho.
Questionamos Sandro sobre o porquê de ter demorado tanto tempo entre o fato ocorrido e a denúncia na delegacia (obtivemos a cópia de um Boletim de Ocorrência que data deste mês de novembro) e na imprensa.
“Porque elas [coordenadoras do curso e da faculdade] falaram que iam tomar medidas administrativas, mas estavam enrolando, e eu tinha resolvido esperar. Não consigo mais ir pra faculdade porque esse cara tá lá. Tentei muito com a coordenação que me disse que ele pode até ter tirado uma brincadeirinha, mas que eu posso superar isso”, declarou Sandro da Conceição
Sandro explica que não vê motivos para as agressões e que isso lhe abalou profundamente, ao ponto de ter praticamente abandonado a faculdade.
O portal Seles Nafes conversou com pelo menos uma testemunha que confirma as afirmações de Sandro, outro estudante de direito que estava na sala de aula e confirmou tudo. Por segurança, optamos por não publicar o nome da testemunha.
Neste sábado (9), o acadêmico denunciou o caso à Ouvidoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção Amapá.
Fama
Em nota, a Faculdade de Macapá (Fama), esclareceu que repudia com veemência qualquer manifestação de preconceito e informa que o caso está sendo apurado internamente. A instituição reiterou que está à disposição para reiterar quaisquer dúvidas adicionais.
O Portal SN não conseguiu contato com o professor Delson Souza Silva, nem através dos contatos realizados com a faculdade, mas está à disposição para ouvir e publicar versão dele.