Por RODRIGO ÍNDIO
Doar apenas 40 minutos de seu tempo e alguns mililitros para salvar até quatro vidas. Nos últimos 15 anos é essa a rotina da amapaense Josiane Mira de Souza, de 40 anos. Ela doa sangue rigorosamente três vezes ao ano e já recrutou toda a família para também ser doadora.
Técnica em nutrição, Josiane tem o tipo sanguíneo O+, considerado o doador universal. Ao doar regularmente, atende ao perfil desejado pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Amapá (Hemoap) que abastece hospitais de todo o Estado.
Neste tempo, se tornou uma das mais antigas colaboradoras da unidade. Moradora do conjunto Oscar Santos, em 2004, ela incrementou ação solidária e também passou a ser doadora de medula óssea.
“Não me importa quem é aquela pessoa que vai receber ou o que ela faz, se eu posso ajudar essa pessoa a renovar a vida, eu farei minha parte”, disse.
Para quem tem medo do procedimento, Josiane explica que é “tranquilo e passa rápido”. Foi com essa garantia que ela convenceu a filha, de 24, e o filho, de 22 anos, a serem doadores. Já prepara a caçula de 14 para doar. O marido também é doador.
No Dia Nacional do Doador de Sangue, lembrado nesta segunda-feira (25), Josiane foi homenageada pelo Hemoap como uma das pessoas mais antigas e atuantes quando se trata de doação. O Hemoap preparou um dia especial e cheio de ações para os doadores.
O pequeno Eduardo Azevedo, de 12 anos, tem anemia falciforme [distúrbios hereditários em que os glóbulos vermelhos assumem o formato de foice] e para evitar um Acidente Vascular Cerebral (AVC) precisa todo mês de uma bolsa de sangue. A mãe do garoto fez questão de agradecer durante a programação.
“Fico feliz nesse momento. Somos só gratidão. Que Deus abençoe cada doador por essa causa nobre que eles fazem e ajudam muitos a ficarem vivos, inclusive meu filho, me emociono por existirem esses anjos”, agradeceu Geane Galvão.
A diretora do Hemocentro, Ruimarisa Martins, explica que apesar de as doações estarem dentro do esperado no Amapá, a captação de novos doadores é um trabalho constante. Em 2017 e 2018, o Hemoap recebeu, em média, 20 mil doações por ano. A principal estratégia, afirma ela, é o aspecto educacional.
“A gente tenta de toda a forma incutir na população sobre a importância de doar de uma forma voluntária. A questão da solidariedade, da ajuda ao próximo, de saber que o sangue é um componente que não tem como chegar na farmácia e comprar. A gente depende totalmente daquele doador para que outras pessoas possam sobreviver”, comentou.
Procedimentos
Para ser um doador de sangue, é preciso estar saudável, bem alimentado, pesar mais de 50kg, ter entre 16 e 69 anos de idade e apresentar um documento de identificação oficial e com foto.
Menores de 18 anos de idade, precisam levar um termo de autorização assinado pelos pais para realizar a doação. Após o cadastro no Hemoap, o candidato passa por uma triagem, em que são avaliadas as condições de saúde.
Após a doação, são realizados exames laboratoriais para análise da amostra, além da identificação do fator RH, quando são feitas pesquisas de anticorpos irregulares.
Durante a coleta, cada voluntário doa cerca de 450 ml de sangue. Antes de ser transfundido, o material passa por testes e exames sorológicos.