Por SELES NAFES
Josival, de 22 anos, foi ao inferno e voltou. O inferno foi a cadeia, e a volta foi uma vida muito diferente, melhor, ligada à educação e à preservação do meio ambiente onde vive, a Baixada da Pará, no bairro Cidade Nova, zona leste de Macapá.
Ele é um dos autores dos 10 filmes de curta metragem selecionados para a mostra “Curta a Baixada Pará em 1 Minuto”, nesta sexta-feira (29). A iniciativa foi do Ministério Público do Amapá, por meio da Promotoria de Meio Ambiente, que chamou como parceiros os produtores de audiovisual do Estado.
A ideia era envolver uma comunidade carente num projeto que unisse cultura e conscientização, e a produção de filmes curtos foi a ferramenta perfeita.
A missão coube ao cineasta Thomé Azevedo, que milita no mercado há mais de 30 anos, e ao cinegrafista Nildo Preto, um dos mais conceituados do Amapá.
Sabendo que a maioria das pessoas possui um celular, a equipe foi para a Baixada da Pará, uma das maiores comunidades de palafitas da capital, para identificar pessoas que queriam contar uma história que estivesse relacionada ao lixo e à preservação.
Os moradores passaram por uma oficina onde aprenderam noções básicas de enquadramento, produção de roteiro, direção e edição.
Foram 10 dias de trabalho direto na comunidade que resultaram na produção de 10 filmes que serão mostrados nesta sexta (29), a partir das 17h, na Passagem Santa Fé, no Cidade Nova.
“É importantíssimo que instituições como o Ministério Público e o Tribunal de Justiça, que têm olhado para essa ferramenta (audiovisual), porque eterniza. Daqui a pouco as transformações na Baixada Pará poderão ser medidas através desse material produzido hoje”, avalia Thomé Azevedo.
Além da conscientização ambiental, o contato com o cinema revelou vocações na comunidade, que tem muitas histórias de superação para compartilhar, como a de Josival.
O curta produzido pelo jovem que se envolveu com o tráfico, foi preso e depois se formou em pedagogia, vai mostrar a relação com o vidro e a saúde dos garis.