Por RODRIGO ÍNDIO
Nesta segunda-feira (11), Nazareno da Silva Albuquerque, de 39 anos, que confessou ter matado a companheira, Janete Ferreira Gomes, de 45 anos, de forma brutal, afirmou que fez sexo com a vítima antes de desferir os golpes de faca. A mulher foi amarrada pelos braços e pernas com as próprias roupas íntimas, em uma árvore.
Friamente, ele detalhou à delegada Sandra Dantas, titular da Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM), que mesmo vendo a esposa agonizando e pedindo socorro, deixou ela morrer.
O autor do feminicídio deu ainda mais detalhes à Polícia Civil sobre as circunstâncias que culminaram no crime, ocorrido na quinta-feira (7), em uma área de mata próxima a um balneário, no bairro Sol Nascente, zona norte de Macapá.
Possível estupro
A delegada explicou que está conversando diretamente com a médica legista para se saber da possibilidade de estupro.
“Ela [legista] diz que teve relação sexual sim, ato libidinoso, com sangue na vagina e no ânus comprovando que eles tiveram relação sexual, e ele não nega isso. Só não temos certeza se foi com consentimento dela ou não, mas o que foi relatado pela médica, e com certeza vem nos laudos, foi realmente uma ação violenta”, revelou Sandra Dantas.
Desentendimento e fúria
Nazareno contou que, na última quarta-feira (6), chegou tarde em sua casa, o que fez Janete ficar com raiva. Ele confirmou no depoimento que no desentendimento agrediu a mulher que revidou, o que o deixou furioso.
No dia seguinte, o marido pegou uma faca de serra, colocou no bolso e levou a companheira de bicicleta para passear num riacho, como era de costume.
“Ainda falamos com um pastor para resolver a briga. Mantemos relação sexual, terminamos e ainda ficamos deitados debaixo da árvore. Sei lá o que me aconteceu, alguma coisa entrou em mim e parti para fazer uma besteira que eu não imaginava”, confessou.
Frieza
O casal brigava constantemente e Nazareno confessou ainda que agredia a companheira. Questionado sobre arrependimento ele mostrou frieza.
“Não me arrependo, porque não estou acreditando que ela está morta. Mas lembro que deixei ela amarrada com o sutiã e a calcinha. Depois que saí de lá, lavei a camisa e veio tipo um arrependimento em mim. Quando cheguei em casa arrombei o cadeado, deitei e só de tarde liguei pra polícia com um outro nome e disse que tinha achado um corpo quando estava passarinhando. Eu gostava dela”, disse.
Crime premeditado, segundo a família
Nazareno da Silva Albuquerque era companheiro de Janete Ferreira Gomes há cerca de 4 anos e, entre idas e vindas, estavam morando juntos há cerca de 3 meses. A família da vítima ajudou no desdobramento do caso e acredita que o assassino premeditou o crime.
“Eles se separaram pela violência dele e voltaram de novo. Moravam no bairro Brasil Novo. Ela trabalhava como doméstica. Foi um choque pra gente, mas sempre ela chegava com hematomas em casa, mas negava que era ele que tinha batido. Ela era uma batalhadora e cheia de sonhos. É triste saber que perdeu a vida assim. Ela deixa um filho de 23 anos”, desabafou uma familiar.
Segundo a DCCM, após a prisão de Nazareno os próximos passos serão o pedido de conversão da prisão temporária para prisão preventiva e o fechamento do inquérito policial. Ele será encaminhado, ainda nesta segunda-feira, para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).