Por SELES NAFES
Aos 61 anos, o médico Sebastião Bala Rocha já ocupou as principais funções do parlamento: deputado estadual, senador e deputado federal, mas nunca foi eleito para o Executivo. Morador da cidade de Santana uma vida inteira, ele sonha agora em ser prefeito, por isso vem realizando uma maratona de plenárias onde tem consultado sua base e formado novas lideranças.
“Não quero ter uma sustentação apenas de cima para baixo. Eu acho isso perigoso. Meu objetivo até abril (2020) é buscar sustentação na base para sair um candidato consolidado”, justifica.
Não será a primeira vez que Bala tentará a prefeitura de Santana. Em 2008, mesmo sem apoio do governo, conseguiu sair de 2% para 11% nas intenções de voto, mas acabou desistindo da candidatura para apoiar Rosemiro Rocha (PTB), que acabou perdendo a eleição naquele ano para Antônio Nogueira (PT).
Em 2010, foi eleito deputado federal, cargo que ele não conseguiu renovar em 2014 pelo Solidariedade. No ano passado, já pelo PSDB, Bala conseguiu a façanha de alcançar mais de 50 mil votos na campanha para o Senado ficando em terceiro lugar, já que os votos de Janete Capiberibe foram considerados nulos pela justiça eleitoral. Dos 50 mil votos, 23 mil foram obtidos em Santana.
Bala continua no grupo que tem como principal liderança o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), que ainda não anunciou quem vai apoiar em Santana.
Qual avaliação você faz da administração de Ofirney Sadala (atual prefeito)?
Não acho boa. Ele está só agora lançando um programa de obras. Mas uma coisa é o desempenho eleitoral dele, que só vai ser medido daqui a menos de um ano. Não é uma carta fora do baralho. Tem a máquina do seu lado e já provou que sabe usar.
Mas o que você acha que ele poderia ter feito e ainda não fez por Santana?
Poderia dar uma enxugada na folha de pagamento, reduzindo contratos administrativos e realizando concurso público. Fiz um levantamento e existem atualmente 1.333 servidores em contrato administrativos, e o prefeito ainda ganhou autorização para fazer mais 1,7 mil novos contratos. É preciso organizar as finanças internas para fazer pelo menos as coisas mais simples. A coleta de lixo é paga pelo governo do Estado por meio de convênio. Saúde e educação têm problemas, e prefeitura está fechando todo ano no vermelho em R$ 2 milhões. A prefeitura de Santana não tem capacidade para nada. Tem buraco na frente da cidade que fica lá por mais de um ano.
Mas a prefeitura não deveria também ter um papel importante na economia?
Sim. A prefeitura se dedica nas coisas miúdas, e esquece do aspecto econômico. A cidade poderia arrecadar mais estimulando novos investimentos em Santana. A prefeitura vai mal na zeladoria da cidade, e mal em desenvolver potenciais econômicos.
Você já tem apoio político?
Sou do bloco liderado pelo senador Davi. E nesse bloco tem eu, o Rarisson (vereador). Somos os que estão trabalhando mais. O acordo é que quem estiver melhor (em pesquisas) será o candidato. Temos o apoio do deputado Luiz Carlos (PSDB), estamos conversando com o deputado federal André Abdon (PP), Nogueira (PT), Ronildo Nobre (PPS)….
E com o governo?
Já tive uma conversa preliminar com o governador Waldez, mostrando que posso ser o candidato de União dele e do Davi. Mas se o Waldez optar pelo Josenildo (Abrantes, secretário de Fazenda) a gente vai respeitar. Não vejo sinais claros de que o governo vá apoiar o Josiel (Alcolumbre) em Macapá.
Como vê essa aproximação do Waldez com a Rede, de Randolfe Rodrigues?
É um acordo nacional entre o Ciro (PDT) e o Randolfe (Rede) visando a campanha presidencial. O Lupi (presidente do PDT) é bem rigoroso com acordos. Não sei se vai valer, mas será uma pressão muito grande para que valha.