Por RODRIGO ÍNDIO
O novo Boletim Epidemiológico de HIV/Aids – lançado no último domingo (1) e divulgado em Macapá nesta segunda-feira (2) – revela que o Amapá se tornou o Estado com maior taxa de detecção da doença em crianças menores de 5 anos de idade do Brasil nos últimos 10 anos. O dado é referente ao período de 2009 a 2019.
Segundo o enfermeiro técnico da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), Vencelau Pantoja, o crescimento é atribuído à falta de diagnóstico precoce.
“Essa exposição das crianças poderia ser evitada se nós qualificássemos ainda mais o pré-natal, ofertando o diagnóstico oportunamente na gestante para ter toda uma alternativa para conseguir intervir e fazer todo o procedimento para evitar a transmissão para a criança, é possível prevenir, basta que todos os atores envolvidos façam seu papel e intensifiquem suas ações”, comentou.
Outro dado mostra que no Amapá mais de 300 novos casos foram registrados de 2018 a 2019. O número pode aumentar já que os dados deste ano ainda não foram consolidados. A predominância de HIV/Aids é entre os jovens de 10 a 29 anos.
“Esse fator de aumento se deve também, além das vulnerabilidades sociais, à oferta da testagem. Quanto mais se oferta teste, mais você vai detectar, tanto é que a maior proporção de casos é de HIV, ou seja, infecções recentes”, detalhou Vencelau.
Para ele as alternativas são criar horários alternativos disponíveis para testes e levar para dentro das escolas campanhas de conscientização para que os jovens realizem testagem dentro das próprias instituições.
“É possível fazer essas testagens sem a presença dos pais, destaco essas, mas claro que existe uma série de outras alternativas que façam com que aumente o diagnóstico, assim como as ações de prevenção”, finalizou.
Para Fabrício Oliveira, que faz parte do fórum de Ong’s e Aids do Amapá, faltam mais investimentos em campanhas, profissionais técnicos e a própria família discutir o assunto. Ele cobra mais apoio do estado.
“Quando se aumenta o teste, se aumenta a demanda, mas temos o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), que atende mais de 4 mil pacientes com HIV no Amapá com apenas uma médica infectologista. Então, se eu for infectado hoje e querer iniciar a medição, vou ter que esperar mais de três meses para começar. Temos esse problema estrutural e o Estado precisa ter um lado mais humanizado”, avaliou.
E foi para discutir sobre o tema e alertar a população sobre a importância da prevenção que foi realizado um seminário em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, no auditório da SVS, na manhã desta segunda-feira (2).
Foram apresentados dados epidemiológicos de HIV/Aids no Brasil e no Amapá referentes aos últimos 10 anos de epidemia. Além disso, os participantes receberam informações sobre as políticas de enfrentamento, rede de cuidados, estratégias de atendimento e prevenção.
Participaram representantes de movimentos sociais, profissionais de saúde, entidades governamentais e atores sociais envolvidos no enfrentamento da Aids.