Por RODRIGO ÍNDIO
Suada, embaixo de um sol de 35° C, mas com um sorriso no rosto. É assim que Benedita Moreira, de 48 anos, caleja as mãos no cabo de uma enxada para sobreviver.
Todos os dias, essa mulher sofrida – mas de muita garra – capina quintais e terrenos para conseguir o que comer. Nascida em Cutias do Araguari, ela não é alfabetizada, mas o amor de compensa a lacuna nos estudos. É mãe de 10 filhos.
Todos os dias, a sofrida mulher capina quintais e terrenos para conseguir o que comer. Fotos: Rodrigo Índio/SN
Benedita foi casada alguns anos. Morava com o esposo em Macapá, no bairro Renascer. Contudo, era humilhada e agredida pelo marido, afirma. Cansada dos abusos, decidiu sair de casa há pouco mais de um ano, com a filha que atualmente tem 7 anos de idade. Os outros filhos ficaram com o pai na casa do bairro Renascer.
Desde então, diariamente, busca capinar quintais, fazer diárias (serviços domésticos) e outros tipos de serviços para ter como se manter com a filha, mas diz estar livre do pesadelo que vivia no antigo relacionamento e que visita os filhos sempre que pode para também ajudá-los.
Benedita Moreira: “Me doeu deixar meus outros filhos”
“Uma vez, ele bebeu demais, pegou uma pernamanca (pedaço de madeira) e quis me cacetar. Eu não podia aceitar mais aquilo. Me doeu deixar meus outros filhos com ele, mas não tinha mais condição. Sempre vou visitar eles [os filhos] e, quando posso, deixo coisas pra eles”, revelou Benedita.
Atualmente a desempregada mora de favor com a filha em uma casa no conjunto Mestre Oscar Santos, na zona norte de Macapá. Como a criança estuda pela manhã, ela aproveita para fazer os “bicos”.
Diariamente, Benedita busca capinar quintais, fazer diárias…
…e outros tipos de serviços para ter como se manter com a filha
Na quarta-feira (11), merendeiras da Escola Municipal José Duarte de Azevedo, no bairro Pacoval, onde estuda a filha dela, decidiram contratar os serviços de capina da mulher.
“Ela sempre precisa de ajuda com alimentos e outras coisas, mas sempre quer trabalhar para conseguir. É batalhadora. Desta vez ela fez o serviço de capina e limpeza, infelizmente não podemos dar muito, mas ajudamos com dinheiro do serviço e até cestas básicas”, contou a merendeira Raimunda Alberto.
Merendeiras da Escola Municipal José Duarte de Azevedo juntaram dinheiro e cestas básicas para ajudar Benedita
Benedita diz que ama trabalhar e que quer um emprego fixo ou mais serviços para poder comprar suas “coisinhas” e ter alimento para repartir com os filhos.
“Trabalho com capina, limpeza de casa, lavagem de roupa. Só não cozinho bem, mas outros serviços, eu faço com muito gosto. Espero que Deus me ajude a ter um emprego, porque eu gosto muito de trabalhar. Prefiro fazer meus bicos do que ir para rua pedir dinheiro. Sonho em conseguir vencer na vida”, anima-se.
Benedita sempre está por perto da escola da filha, no bairro do Pacoval, onde…
… pelas redondezas atrás de serviços
Como Benedita não tem telefone celular e não sabe precisar seu endereço atual, as novas amigas merendeiras disponibilizaram seus telefones para as pessoas que quiserem contratar ou ajudar Benedita: (96) 99162-8075, de Fátima Lucia, ou (96) 99107-5863, de Raimunda Alberto.
Geralmente pela manhã, Benedita está na Escola Municipal José Duarte de Azevedo, ou andando pelas redondezas atrás de serviços.