Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Os aplicativos de entrega de comida são cada vez mais parte da vida das pessoas. No Amapá, o serviço é uma opção de trabalho para um número cada vez maior de pessoas,
O Portal SelesNafes.com conversou durante alguns dias com alguns desses trabalhadores, que são chamados pelas empresas de “parceiros”, para conhecer um pouco mais das suas rotinas.
A esposa do professor de educação física desempregado, Fernando Chaves, de 35 anos, se mudou para outro estado e levou a filha do casal, de dois anos. Os dois continuam juntos, e o motivo da ida foi o desemprego.
A companheira ainda não conseguiu nada em sua nova cidade, enquanto isso o marido encara os aplicativos como forma de ajudar a família.
“Saio de casa 11h e trabalho até 15 horas. Pego às 18h e vou até mais ou menos 1h da manhã” declarou Fernando Chaves.
O relato sobre sua carga horária diária logo foi acompanhada por todos os seus colegas que estavam ao seu lado, em uma esquina do Centro de Macapá. Lá, na escadaria de uma loja de roupas, tem sido comum ver vários entregadores reunidos até o início da madrugada.
Durante a conversa com Fernando, ele recebeu o pedido de uma entrega e teve que sair. Um colega de trabalho, Alessandro Sales, continuou a explicar sobre a jornada de trabalho da categoria.
“É que aqui próximo tem várias hamburguerias, pizzaria, japa, e fomos vendo que fica um lugar mais centralizado”, explicou Alessandro Sales, de 19 anos.
Ele também disse que sonha em ser advogado, e em seguida também teve que sair para atender uma encomenda.
Como funciona?
A pessoa interessada em ser entregador se cadastra em uma das empresas, pela internet, e aguarda a liberação do seu pedido. O cadastro pode ser feito nas modalidades bicicleta, motocicleta e automóvel.
Após isso, uma caixa térmica, essa que estamos acostumados a ver pela cidade, é entregue ao trabalhador. Para pagar o valor de R$ 50 da caixa, esse valor é descontado nos primeiros pedidos que forem pagos no cartão de crédito.
Os trabalhadores recebem por viagem entre R$ 3 e R$ 4, aproximadamente. Mas esse valor é variável. Quando há poucos entregadores disponíveis e muitos pedidos, a tarifa se eleva um pouco, o que eles chamam de “tarifa dinâmica”.
A renda mensal de cada trabalhador pode chegar aos R$ 1 mil, quando o mês rende bastante, afirmam os entregadores.
“Levaram minha bicicleta”
“Uma vez deixei a bicicleta e fui com a caixa buscar o pedido na lanchonete, poucos metros. Quando voltei, tinha sido roubado. É claro que não recuperei”, conta Daniel da Silva Dantas, de 22 anos.
Daniel tem nove meses trabalhando com entregas por aplicativo e também é o recordista, dentre os que falamos, em distância. Uma vez ele saiu da esquina da Rua Eliezer Levy com Avenida Coaracy Nunes, Centro de Macapá, de bicicleta, até o bairro Zerão, próximo à escola Antônio Messias, no extremo da zona sul. Foram 6,5km.
“Ganhei R$ 4 pela entrega. Na volta, fui direto para casa, não dava mais”, declarou Daniel.
“Pedimos paciência e ajuda dos clientes”
É por situações como essa, por longas jornadas de trabalho, distâncias, baixa remuneração e toda a sorte de acontecimentos, que os trabalhadores deixam uma mensagem para quem utiliza os aplicativos.
“Tem cliente que reclama porque o suco gastou um pouco, ou o lanche mexeu. Juramos para vocês que temos o máximo de cuidado, às vezes tem problema na embalagem da lanchonete. Pode acontecer. Pedimos paciência e ajuda dos clientes, por trás de cada um de nós tem uma história, uma batalha”, declarou Fernando Chaves.
Ele também pede a solidariedade dos clientes para que a categoria consiga uma renda extra no fim de ano.
“Inclusive, taxistas têm bandeira dois em dezembro, trabalhador com carteira tem décimo, nós não. Quem puder ajudar, dar uma força com uma gorjeta a mais nesse fim de ano, pra gente faz muita diferença”, finalizou Fernando.