Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Dentre as comemorações de milhares de famílias amapaenses, com seus estudantes aprovados via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) na Universidade Federal do Amapá (Unifap), uma aprovação tem chamado a atenção pelas redes sociais e na comunidade escolar.
Emerson Maciel de Sousa, de 21 anos, nasceu com Deficiência Intelectual (DI), decorrente de uma paralisia cerebral. Ele agora será calouro do curso de ciência da computação na Unifap, ocupando a única vaga com reserva de cotas para pessoas com deficiência no curso, um feito impressionante dadas as características específicas da sua condição.
Nesta quarta-feira (29), sua casa estava cheia de familiares, amigos da Escola Estadual Antônio Messias, onde estudava, e de professores comemorando a aprovação.
O garoto não tem as mesmas possibilidades e habilidades cognitivas, de ensino e de aprendizagem, que a maioria das pessoas tem. Tampouco, as mesmas condições motoras e de locomoção.
Mas isso não foi empecilho para a história de superação.
“Achei a prova um pouco difícil. Gosto mais de física, um pouco menos de matemática, mas deu pra fazer a prova bem. Estou muito feliz”, declarou Emerson.
Dentre todas as pessoas, ele agradeceu à família por todos os anos de apoio e também apontou.
“Eu agradeço muito a ela”, disse Emerson se referindo à Geni Frota Martins, coordenadora pedagógica das escolas da Polícia Militar. Geni contou sobre a excepcionalidade do caso.
“O Emerson é cadeirante, é DI, e é amparado por resoluções que vão até a educação básica, nenhuma delas garante leva-lo até a universidade. Por isso o caso do Emerson é único, diante da deficiência ter conseguido chegar até uma universidade federal”, comemorou Geni.
Ela explicou também sobre as dificuldades encontradas pelo garoto.
“A estrutura cognitiva não funciona como a nossa, ele se conecta ao mundo através das emoções dele, mas sempre estudou com os demais colegas, fez as mesmas provas, para ele o que importa é se sentir igual. Ele saber que o que é feito por ele também é feito por outras pessoas”, concluiu a pedagoga.
A prova de Emerson teve uma hora de duração a mais que as demais, sete horas no primeiro dia que teve a redação e seis horas no segundo. Além disso, o MEC disponibilizou uma sala especial com duas leituristas e uma pessoa para apoio com alimentação, água e banheiro.
A família contou que o garoto chegou em casa exausto depois das maratonas.
Dia de amor
Emerson nasceu em uma família com poucos recursos e sua atual família o adotou quando ele tinha aproximadamente quatro anos de idade.
“Quando o adotamos, ele apenas sorria, mas sorria muito, entretanto não fazia mais nada. O levamos para a escola e ele pegou o embalo. Começou a falar, a se movimentar. Faltava estímulo para ele”, recordou a irmã, Marcela Sousa.
Já a mãe, agradeceu por todos que ajudaram até aqui.
“Agradeço aos professores, à Geni que é uma outra mãe pra ele, a todos que ajudaram. A gente sabe que é difícil adotar alguém, mas foi o Emerson que nos adotou. Hoje é um dia de amor, mais um dia de amor”, finalizou a mãe, Teresa Maciel.
Emerson estudará no curso de ciência da computação, que tem quatro anos de duração, no turno da tarde no campus Marco Zero da Unifap.