Especial Calçoene Parte II: Um prefeito contra o relógio

Prefeito Júlio Sete Ilhas está há apenas 10 meses no cargo, e só tem mais 10 meses para "consertar" a cidade
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Por SELES NAFES, de Calçoene

Uma mobilização política inédita pode tirar o município de Calçoene, a quase 400 km de Macapá, literalmente da lama e da escuridão.

Pela primeira vez, o município tem empenhados mais de R$ 25 milhões em recursos federais para obras em quase todas as áreas. A 10 meses do fim do mandato, o prefeito Júlio Sete Ilhas (DEM), efetivado em dezembro, luta contra o relógio para executar as obras mais emergenciais.

Em entrevista ao Portal SelesNafes.Com, durante a programação que comemorou os 64 anos de Calçoene, o prefeito adiantou que vai priorizar o asfaltamento do município e a iluminação da cidade, ainda em 2020.

Ele também revelou que pretende criar uma base de arrecadação própria. Segundo Sete Ilhas, a prefeitura nunca recebeu um centavo de IPTU.

Escolas municipais receberão veículos e equipamentos. Fotos: Seles Nafes

Abaixo, alguns exemplos de obras e recursos empenhados. A maior parte provém de articulação do senador Davi Alcolumbre (DEM).

R$ 5 milhões para asfaltamento da sede de Calçoene;

R$ 7,5 milhões para a construção de 100 casas populares;

R$ 3 milhões para aquisição de tratores e caminhões para obras (Exército está comprando);

R$ 2,9 milhões para equipamentos, veículos escolares e qualificação de professores, R$ 3 milhões para asfaltamento no Distrito do Lourenço

R$ 420 mil para instalação de 500 pontos de iluminação na cidade

R$ 4 milhões para a Escola Inovadora com 12 salas de aula

O que vai dar para fazer com tão pouco tempo de mandato pela frente?

* Júlio Sete Ilhas era presidente da Câmara de Vereadores. Com a prisão do ex-prefeito, ele passou a conduzir o município no ano passado

As necessidades mais básicas a gente tem que atender. Eu tenho que trazer asfalto e iluminação. O “plano B” é pavimentar as ruas com menor fluxo usando bloquetes. Para isso, temos que equipar a fábrica de bloquetes. Quando assumimos, fizemos um tapa-buracos em toda a cidade. O governo teve dificuldade para entregar o asfalto. O verão foi intenso, a poeira apareceu e isso se voltou contra mim. Iniciaram um discurso para desestabilizar a gente. Não tinha remédio na Unidade Mista, merenda na escola estadual, e isso se voltou pra mim como se fossem serviços municipais.

Asfalto: uma das prioridade para 2020

Houve um desgaste?

Houve. (A oposição) sabia que não estávamos em um bom momento. Foi nesse período que os problemas tributários também afloraram. Em setembro e outubro tivemos quase zero de arrecadação do FPM. Quando tinha repasse de R$ 200 mil, na verdade só caíam R$ 6 mil na conta do município. Fizemos um levantamento tributário durante três meses, com apoio de advogado e contador na base da amizade porque não tínhamos dinheiro, e entramos na justiça federal (para cobrar do governo federal). Houve uma ação similar em Santana e estamos esperando o resultado.

Algumas pessoas reclamaram da qualidade do asfalto que foi colocado em algumas ruas. Como o senhor analisa isso?

As pessoas que reclamam não moram nessas ruas. Se você for de casa em casa os moradores vão elogiar. Mas temos que avançar, colocando meio fio e calçada. Estive na Secretaria de Infraestrutura do Estado, e o secretário Alci (Matos) acenou com um convênio para isso, já que não se trata de uma grande soma de valores.

Avenida FAB receberá calçada e meio fio

E esses R$ 5 milhões para asfaltamento? O que vai dar pra fazer?

Nós queremos transformar em R$ 15 milhões

Como assim?

Pelo critério de desenvolvimento regional do Calha Norte, o potencial do senador Davi, que colocou esse valor (R$ 5 milhões), pode alcançar um valor muito maior. A gente vai conseguir pavimentar os 30 km de ruas da sede. Algumas ruas já têm uma base boa (para recapeamento).

Qual será o maior desafio para liberar outros recursos?

Numa cidade pequena como a nossa a maior dificuldade é a elaboração dos projetos. Existem prazos. Para a Escola Inovadora, por exemplo, será necessário gastar muito para elaborar o projeto arquitetônico, elétrico, hidráulico…A prefeitura não tem como arcar com o projeto.

Prefeito com a equipe de governo durante as comemorações pelo aniversário de Calçoene

Festa foi na Praça Nossa Senhora da Conceição. Fotos: Seles Nafes

O que vai dar tempo de fazer em 2020, já que é necessário ainda ve

ncer a etapa de licitações?

O asfaltamento para a sede e o Lourenço, iluminação pública e o processo da escola (Inovadora). A iluminação pública foi licitada e os trabalhos começam em poucas semanas. 

Mudando para a política: senhor já decidiu que tentará a reeleição?

Não vejo agora o momento adequado para discutir isso. Estou muito focado nessas obras e em continuar a mudança que nós começamos, nesse processo que passa pela restruturação da prefeitura com a implantação de um sistema informatizado. Hoje é um absurdo. Difícil conseguir uma informação sobre gestão.  

Seles Nafes
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