Genro de casal assassinado confessa crime, mas acusa a filha de planejar tudo

Bruno Corrêa Fonseca, de 30 anos, foi preso na noite de segunda-feira (6). Ele estava escondido em uma pousada no bairro Santa Rita, em Macapá, a 100 km de onde o crime ocorreu.
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Por OLHO DE BOTO

Após quase 24 horas no rastro do genro de um casal brutalmente assassinado na madrugada desta segunda-feira (6), no munícipio de Porto Grande, a Polícia Civil do Amapá conseguiu prendê-lo.

Bruno Corrêa Fonseca, de 30 anos, estava escondido em uma pousada localizada no bairro Santa Rita, em Macapá, há mais de 100 km de onde o crime ocorreu, na cidade de Porto Grande.

Junto com a namorada, Fabíola de Souza Leão Borges, de 19 anos, que foi presa horas antes, ele é apontado como o autor dos assassinatos do sogro e da sogra, Marcos Leão Borges, de 43 anos, e Marilene Conceição de Souza, de 42 anos.

Bruno Corrêa Fonseca confessou participação na morte do sogro e disse que a filha do casal morto planejou o crime. Fotos: Olho de Boto/SN

Bruno foi surpreendido, no fim da noite de segunda-feira (6), por uma ação policial comandada pelo delegado Bruno Braz, responsável pelo inquérito que apura o caso.

O acusado foi conduzido ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do bairro Pacoval. Lá, na presença de seu advogado, ele contou detalhes do caso à imprensa.

Confissão

“Eu apenas dei uma facada no pai dela. Eu segurei o pai dela e ela flechou ele com o arpão. Quando a mãe dela escutou o barulho, ela vinha saindo do quarto, a Fabíola foi pra lá com uma faca de cabo preto e enfiou no pescoço dela. Na mãe dela eu não toquei, foi só ela”, foi a primeira declaração de Bruno à imprensa.

Ele disse que Fabíola planejava tudo há quase dois anos e que por muitas vezes tentou tirar a ideia da cabeça dela.

“Desde 2018 ela tentava fazer isso e eu negava todo o tempo. Falava pra ela que não era bom a gente fazer isso porque a gente tinha um filho pra criar”.

Apesar de divergir em suas versões sobre como o crime foi executado – um empurra para o outro o planejamento – Bruno e Fabíola apontaram o mesmo motivo para o assassinato do casal: o pai teria abusado sexualmente dela desde a infância.

“O pai dela abusou várias vezes dela. Ela odiava ele. A mãe dela sabia disso [dos abusos] e não fazia nada. Inclusive, ele abusou dela há três dias. Ela me contava tudo. Isso ocorria a toda hora, por isso ela tinha que se livrar deles”, afirmou.

O delegado Bruno Braz disse que, em depoimento, Bruno Corrêa revelou a participação de uma terceira pessoa, que teria sido contratada por Fabíola

Ele também confirmou a primeira desconfiança da polícia para a causa do duplo homicídio, de que a família era contra o relacionamento dele com Fabíola.

“Eles eram contra. Eu já tava namorando outra, a mãe dela veio e levou ela embora [para morar em Porto Grande]. ”.

No dia do crime ele foi até o município e se encontrou com Fabíola. Disse que ficaram “namorando” na noite do crime e ela o convidou para entrar, pela porta da frente. Ficamos no quarto até a hora que aconteceu. Entrei e saí pela porta da frente”.

Bruno acrescentou, ainda, que pela manhã recebeu uma ligação de Fabíola avisando que a polícia estava no encalço dele, por isso teria que sair de Macapá. Mas, a ligação foi tardia e ele acabou preso.

Bruno disse ter ‘consciência’ de que provavelmente ficará preso por muito tempo. Ele quer que seu pai, avô dos dois filhos, um de três meses de vida e outro de 1 ano e 7 meses de idade, reivindique a guarda das crianças.

“Ela vai estar presa também, não ter condições de criar os meninos, ela tem que pagar pelo que ela fez. A minha família tem um pouco de condição, então é melhor. O papai vai conseguir cuidar dos meus filhos”.

O delegado Bruno Braz disse que em depoimento, Bruno Correa revelou a participação de uma terceira pessoa, que teria sido contratada por Fabíola para levá-lo até Porto Grande e dar fuga a ele depois do crime.

Braz agora ouvirá novamente Fabíola para confrontar as versões diferentes. Eles explicou que autuou ambos em flagrante pelos homicídios e vai encaminhá-los para audiência de custódia nesta terça-feira (7).

“É a Justiça quem vai decidir se eles responderão em liberdade ou presos. Eles foram presos em flagrante após uma perseguição de quase 24 horas. Não paramos desde que soubemos do crime.

Defesa

O advogado de Bruno Correa, Inerik Morais, disse que já tem uma linha de defesa.

Bruno conversou com a imprensa na presença de seu advogado, Inerik Morais

“Vai levantada a tese de que a ex-cônjuge dele [Fabíola] arquitetou todo o plano, pois ele tem provas disso, prints (cópias virtuais) de conversas, xerox, que comprovam. E os abusos que ela sofria do pai foram determinantes pra ele se comovesse e acabasse a ajudando”, argumentou o advogado.

Seles Nafes
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