Jovem que vende paçocas quer vencer na vida para inspirar pessoas

Bruno da Silva Tavares viu na venda de doces a forma de ter sua própria renda. Ele conta que quer aperfeiçoar conhecimentos como empreendedor
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Por RODRIGO ÍNDIO

Difícil transitar por ruas e avenidas de Macapá e não se deparar, de vez em quando, com pessoas comercializando água, guloseimas e iguarias. Eles preferem os semáforos e, assim que a luz vermelha acende, eles caminham pelo meio dos carros oferecendo os produtos. Um deles, bem jovem, chama a atenção por querer algo promissor para o futuro.

O sonho de terminar os estudos, ter seu próprio negócio e palestrar sobre sua experiência de vida, foi o que motivou Bruno da Silva Tavares, de 18 anos, a ir para as ruas vender paçocas.

Bruno da Silva Tavares diz que trabalha pensando no futuro. Fotos; Rodrigo Índio/SN

Expondo um cartaz com a frase: “Quero ser empresário, tudo tem um começo, paçoca R$ 1,00”, ele chama a atenção e desperta a curiosidade de quem passa por seu ponto de trabalho.

Tudo começou recentemente. Inicialmente o jovem tentou comercializar os amendoins na Avenida Fab, mas foi expulso por outros vendedores que já atuam em certos locais há anos.

Agora, seu ponto fixo é no cruzamento da Rua Leopoldo Machado com Avenida Ernestino Borges, no bairro Jesus de Nazaré, área central de Macapá.

De carro em carro, jovem trabalha sempre com um sorriso no rosto

O rapaz contou que trabalha desde os 12 anos com panificação e que é especialista em fazer salgados. Ele é de uma família humilde, que mora no bairro Novo Horizonte, e como precisava trabalhar para ajudar em casa e também por ser travesso, atrasou nos estudos. Decidido a mudar de vida e a recuperar o tempo perdido, ele teve a ideia de utilizar as últimas economias e ir pros sinais vender.

Bruno acorda cedo, pega o ônibus e vende as paçocas de 7h até as 12h. Nas vendas, Bruno diz que normalmente as pessoas são simpáticas, mas que têm algumas pessoas que lhe olham com uma expressão de ódio.

“Tem pessoa que me olha e mostra estar incomodado com seu dia a dia ou com mal o humor, quando percebo desejo bom dia, ofereço o produto, mas sou ignorado, mas não quando essa pessoa lê a plaquinha reflete porque pra ela pode estar ruim, mas no mundo existem pessoas em condições piores, eu não me deixo abalar e desejo que a pessoa tenha um maravilhoso dia e sigo minhas vendas”, revelou.

Bruno vende suas paçocas no cruzamento da Leopoldo Machado com Ernestino Borges

O rapaz quer terminar o ensino médio e começar a fazer um curso para desenvolver seu trabalho de empreendimento.

“Isso que eu estou fazendo é porque não tenho dinheiro para bancar um curso ou uma faculdade ainda. Vim conseguir dinheiro na prática, com trabalho digno, mesmo que seja pouco, de moeda em moeda vou multiplicando meu dinheiro para realizar meu sonho que é ser alguém no futuro. E que isso sirva de exemplo, porque precisamos correr atrás de nossos objetivos”, disse.

O rapaz não chega a faturar nem R$ 50 por dia. Às vezes conta com o apoio de pessoas de bom coração para garantir o dinheirinho da passagem de ônibus. Mesmo assim, é um exemplo de que o brasileiro apesar da dificuldade tem sim opções para buscar vencer na vida.

Seles Nafes
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