Por RODRIGO ÍNDIO
As pequenas embarcações são o principal meio de transporte para moradores de comunidades ribeirinhas da Amazônia. Mas, nos interiores do Amapá e nas Ilhas do Pará, o uso de equipamentos de segurança por essa população ainda é um grande desafio para a Marinha do Brasil. Campanhas de conscientização serão intensificadas.
Mas, a tarefa não é fácil, de acordo com as equipes de fiscalização da Capitania dos Portos do Amapá, apesar das abordagens e orientações, ainda há resistência para o uso, por exemplo, do colete salva-vidas em pequenas embarcações como: canoas, catraias e rabetas, que são mais comuns nos rios.
“É um grande desafio, é uma área muito grande, que cobre todo Amapá e mais o município de Almerim-PA, e que as pessoas têm uma resistência quanto ao uso, dizem que o colete atrapalha. O colete pode garantir que a pessoa continue vivo em caso de acidente, precisamos de conscientização, até de quem sabe nadar”, ressaltou o comandante da Capitania dos Portos no Amapá, capitão de fragata Fernando Cezar Silva.
A Marinha afirma que o uso de coletes é obrigatório em embarcações abertas como lanchas, jetski e rabetas. Cerca de 80 pessoas do efetivo na Capitania do Amapá buscam aplicar cursos nos municípios e comunidades ribeirinhas com as orientações. Há também fiscalizações diárias nos rios.
“Desde 2018 fazemos um trabalho de palestras nas escolas alcançando 69 instituições em 2018 e 2019. A gente têm trabalhado no universo da criança que vai aprender e vai fazer com que isso seja levado para as famílias, visando diminuir esses acidentes que acontecem, e para que os adultos adotem essa medida”, acrescentou Fernando Cezar.
No Amapá, a morte do garoto Heder Davi da Silva Barata, de 10 anos, que saiu para pescar com o pai e o irmão e morreu afogado após a canoa dos ribeirinhos virar no Rio Araguari, no município de Porto Grande, reacendeu a discussão sobre o assunto.
Segundo o Corpo de Bombeiros, neste acidente, que ocorreu na terça-feira (7) e o corpo foi achado no rio Araguari na tarde desta quarta-feira (8), o colete salva-vidas evitaria o afogamento do menino.
“O colete é para isso, salvar a vida de quem também não sabe nadar. Nesse caso, salvaria ele porque não precisaria usar nenhuma energia para flutuar e não haveria risco de afogamento emitente. A Marinha já faz orientações claras pros ribeirinhos, os Bombeiros também fazem esse trabalho nas escolas e vamos intensificar”, comentou o major Orielson Pantoja, comandante do 4º Grupamento Bombeiro Militar do Amapá.
Em algumas abordagens, as pessoas estão com os coletes na embarcação, mas não usam porque acham que nunca vai acontecer um acidente com eles e o objetivo é mudar essa cultura quanto ao uso do colete, assim como o cinto de segurança.
No Amapá é registrada uma média anual de 30 a 35 afogamentos com vítimas fatais agrupando todas as ocorrências, segundo dados da secretaria nacional de saúde. Com o uso do colete, em caso de desmaio, a pessoa pode ficar até 24h flutuando até a chegada do resgate.
Um colete custa em média de R$ 40 a R$ 500 dependendo da categoria, o mais comum que utilizado nas embarcações varia de R$ 40 a R$ 100. A marinha informou que faz parcerias com empresas privadas para distribuir coletes de forma gratuita aos ribeirinhos.
Foto de capa: Maksuel Martins/GEA