Por SELES NAFES
Quando Gerson Balieiro Martins, então com 18 anos, foi picado por uma cobra no interior do Pará, ele não imaginava que aquele ataque, tão comum nos rincões da Amazônia, mudaria sua vida para sempre. Com a picada, ele perdeu uma das pernas, mas nunca a disposição para trabalhar.
“Seu Gerson”, como é chamado, morava em Anajás (PA) quando foi mordido. O socorro demorou demais, lembra ele. Foram 12 dias até receber o tratamento adequado em Macapá.
Infelizmente já era tarde para salvar a perna picada. O médico que o atendeu no Hospital de Emergência de Macapá concluiu que era preciso fazer a amputação para salvar-lhe a vida.
A vida ficou ainda mais difícil. Pobre e agora aleijado, e sem a mínima oportunidade de estudar (pois tinha que ajudar a família no sustento), ele precisou se adaptar à nova e limitada condição na marra.
Se equilibrando numa perna só, ele foi ajudante de pedreiro, capinador, cavador de poços, cavador de fossas, entre muitas outras tarefas braçais. Nos canteiros de obras, costumava chamar a atenção dos demais colegas que sempre comentavam a coragem e a energia.
Nos últimos anos, no entanto, as dores na coluna o impediram de continuar com os trabalhos mais pesados. Passou a ser flanelinha para reforçar o que recebe do INSS, cerca de R$ 998 do Benefício de Prestação Continuada, o BPC, auxílio que quase extinto pela reforma da Previdência.
Hoje, aos 55 anos, faça chuva ou sol, é possível sempre encontrá-lo sempre com um sorriso largo no rosto trabalhando como flanelinha em frente a um tradicional restaurante no bairro Santa Rita.
Ele faz questão de agradecer a Deus por tudo o que aconteceu em sua vida. Seu Gerson não afrouxa, e é assim que ele pretende iniciar 2020.