Por SELES NAFES
“A mentira repetida mil vezes se torna verdade”. A frase, atribuída ao ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels, nunca esteve tão certa, especialmente nos dias de hoje com o advento das redes sociais. O caso mais recente de fake news, de grande repercussão, envolve um político do Amapá, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que passou a receber ameaças graves.
A ele foi atribuída a falsa autoria do dispositivo da Lei do Abuso de Autoridade que proíbe a divulgação, por autoridades policiais, de imagens de acusados de cometer crimes.
“Votei contra essa lei e atuei fortemente contrário a ela, porque julgava que enfraqueceria os sistemas de defesa. Qualquer pessoa que tenha o mínimo de cuidado pode pesquisar nas minhas redes, no Senado ou na internet em geral e comprovar o que tenho dito”, comentou o senador.
Os veículos da chamada “grande imprensa” já trataram o assunto (veja aqui), e confirmaram que essa autoria é fictícia. Randolfe, na verdade, votou contra o projeto depois de uma série de modificações no texto original.
A origem da fake news foi o comentário do apresentador da TV A Crítica (Manaus) Sikêra Júnior, onde ele, ironicamente, agradece ao senador pela “lei que protege os bandidos”. O vídeo foi postado no perfil de Sikêra no Youtube no dia 4 de janeiro deste ano, e até ontem ele havia alcançado mais de 200 mil visualizações.
A bola de neve ficou ainda maior quando a maioria dos grupos no WhatsApp recebeu o vídeo de Sikêra, e internautas mais desavisados trataram rapidamente de compartilhar, mesmo sem saber se era verdade.
Randolfe tem sentido na pele o poder da mentira.
“Tenho sido alvo de todo tipo de ataques, xingamentos e ameaças – a mim e a minha família -, mas minha consciência e o histórico das nossas ações me permitem trabalhar todo dia livre dessa culpa”, assegurou.
A mentira virou verdade não apenas por Sikêra, que foi o primeiro a não apurar corretamente a informação, mas gesto imprudente foi repetido exaustivamente por internautas desavisados, mas também por adversários políticos.
Neste caso, a mentira foi repetida muito mais que mil vezes.