Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
A Polícia Civil do Amapá trata como infanticídio ou abandono de recém-nascido para ocultar desonra própria, a morte da criança encontrada na lixeira do banheiro de um navio, na área portuária de Santana, na última quinta-feira (9). Uma das possíveis motivações teria sido o fato de que a criança seria fruto de uma relação extra-conjugal.
A mulher, que tem nacionalidade francesa, e o homem, que é brasileiro, natural de Belém do Pará, foram presos preventivamente no sábado (11), em uma residência no bairro do Muca, na zona sul de Macapá. As identidades não foram reveladas pela polícia.
Os passaportes também foram retidos por precaução, já que a Guiana Francesa não extradita cidadãos com nacionalidade francesa e o casal é residente e domiciliado em Caiena.
Investigação, prisão e depoimentos
Os delegados da 1ª DP de Santana, Raphael Paulino (direita na foto de capa) e Nicolas Bastos (esquerda na foto de capa), que conduzem a investigação, deram detalhes ao Portal SN sobre a investigação e os depoimentos prestados pelo casal.
“A gente encontrou uma pequena poça de sangue próxima da porta da cabine [do camarote]. O banheiro estava todo lavado, três gotas de sangue em cima da cama e o feto acondicionado no interior da lata de lixo, todo lavado e sob um saco plástico”, relatou o delegado Raphael Paulino.
Os delegados explicam também que, durante o depoimento após a prisão, o casal relatou que a viagem para Belém teria sido feita para uma reaproximação.
“Existe um outro ponto relevante no decorrer dos interrogatórios. Surgiu o fato de que essa criança talvez não fosse filho do suspeito masculino e que ela ocultou essa criança no interior da lixeira para que ele não soubesse do acontecimento, já que eles alegaram que ele desconhecia a questão da gravidez, apesar de estar em estágio avançado a ponto de nascer”, declarou o delegado Nicolas Bastos.
Outro fator que chama a atenção dos delegados no caso é que o casal não teria pedido por socorro na embarcação.
“Fizemos o interrogatório deles, inicialmente com ela, com a suspeita, que alegou não ter tomado nenhum tipo de medicamento abortivo e que a criança nasceu espontaneamente. Todavia, apesar de ter sentido dores, ter sangrado, ela não procurou o serviço de atendimento médico que estava disponível na embarcação”, declarou o delegado Nicolas Bastos.
Contradição
No depoimento do homem, ele afirmou que sequer sabia que a mulher estava grávida e que o parto e o abandono do corpo da criança, ocorreu dentro do banheiro do camarote e que ele não sabia de nada e que só soube da história pela imprensa.
Porém, para os delegados, a versão não se sustenta porque havia sangue perto da porta da cabine e no lençol da cama e uma gravidez avançada seria difícil esconder.
Procedimento
O casal está preso no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). Os delegados agora irão analisar todos os elementos do caso para decidir se eles serão indiciados.