Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Pelo menos 40 pessoas, entre profissionais de recursos humanos, área financeira, advogados, fotógrafos e até músicos alegam ter sido vítimas de estelionato. Os golpes eram praticados por um homem que se identificava pelo nome de Vitor, preso pela Polícia Militar (PM) nesta quarta-feira (19), no Centro de Macapá.
A polícia descobriu que na verdade ele se chama Ângelo Vitor Moreira da Costa, de 34, e é provavelmente oriundo de Minas Gerais. A prisão se deu quando o estelionatário, pressionado pelas vítimas, correu no cruzamento da rua Jovino Dinoá com a avenida Mendonça Furtado, abrindo a porta de um carro de uma pessoa que estava estacionada e afirmando que estava sendo roubado.
As vítimas conseguiram tirá-la de dentro do veículo e ligaram para o 190, quando uma guarnição da PM efetuou a prisão.
O golpe
Vitor, como se identificava, chegou ao Amapá em meados de janeiro de 2020. Ele se hospedou em um hostel, onde começou a fazer amizade com os proprietários, outros hóspedes e amigos dos proprietários.
Com uma conversa envolvente, ele fez promessas de emprego com salários fixos de R$ 1,4 mil mais benefícios, incluindo “benefício beleza” e outros, que somados chegariam na casa dos R$ 2,5 mil.
O homem convenceu várias pessoas a abrir uma Organização Não Governamental (ONG), para atuação na área ambiental e de promoção social, utilizando o ativo da Amazônia e os índices de preservação ostentados pelo Amapá.
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Advogado das vítimas, Rafael Souto: acusado teria feito seleção de funcionários. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN
Ângelo Vitor chegou a utilizar o carro de uma das vítimas, alugou três pontos comerciais na área central da cidade, colocou diversas pessoas para trabalhar e, conforme as promessas não iam se concretizando e as contradições de suas falas iam aparecendo, os funcionários começaram a desconfiar.
Pela internet, acharam dezenas de matérias de jornais e portais de notícias em que ele aparecia, dando golpes em 16 estados, como vendedor, diretor de cinema, chefe de produção artística e vários outros.
“Nosso sentimento é de revolta, se utilizou da esperança das pessoas, levou dinheiro de algumas, afirmando que era para adiantar alguns documentos e levou o tempo e trabalho de todos nós. Um homem desses não era para estar solto”, afirmou uma das vítimas, que preferiu não se identificar.
O advogado Rafael Souto, representando as vítimas, também foi uma das pessoas que o estelionatário tentou envolver.
“Ele começou a fazer uma convocação no Estado do Amapá para formalizar uma ONG, começou a angariar pessoas para trabalhar e iria assinar carteira. Como isso não avançava, ia ludibriando as pessoas das formas mais auspiciosas, não pagando ninguém. Quando as vítimas lhe deram um ultimato, ele tentou fugir”, declarou Rafael.
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delegado Antônio Pedro: Ângelo Vitor tem passagens pela polícia no Pará e em Sergipe. Foto: Marco Antônio P. Costa
Polícia Civil
O delegado Antônio Pedro afirmou que o mesmo será investigado por estelionato e falsa identidade. Sobre os antecedentes, não foi possível, por falta de integração dos sistemas de segurança estaduais, checar se o mesmo é foragido ou não.
Contra Ângelo Vitor, há acusações e passagens pelas polícias dos estados do Pará e de Sergipe. O acusado está detido no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), onde prestará depoimento.