Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
O assustador crescimento de casos de sífilis no Brasil nos últimos 8 anos chamou a preocupação das autoridades no país inteiro, incluindo o Amapá.
Relatório do Ministério da Saúde (MS) divulgado no fim de 2019 apontou que entre 2010 e 2018 o número de novos casos cresceu 4.157% no território nacional. No estado amapaense, foram constatados 518 novos casos da sífilis adquirida apenas em 2019, ou seja, casos de novos contágios.
Os técnicos responsáveis pelo relatório afirmam que dentre as possíveis causas deste aumento, está o fato de que as novas gerações não viveram o temor do contágio do HIV que as gerações dos fins da década de 1980 e da década de 1990 viveram e, portanto, tem uma tendência maior à prática sexual desprotegida, ou seja, sem o uso de preservativos.
Amapá
Além dos 518 novos casos de sífilis adquiridas, em relações sexuais ou transfusões de sangue, há também 364 casos de sífilis em gestantes e 117 casos de sífilis congênita, aquelas em que a mãe passa para o feto. Entretanto, no caso amapaense, pode existir uma subnotificação.
“Esse número de sífilis adquirida no Amapá ainda é um número relativamente baixo, porque a pessoa pode fazer exame em um laboratório particular e ela acaba não entrando no sistema, por falta de notificação na rede, de não fazer uma ficha de notificação e muita gente também não sabe que tem, porque os sintomas aparecem e depois somem”, explicou o apoiador de enfrentamento à sífilis do MS, Sandro Rogério Mendes da Silva.
Ele lembra que a sífilis é uma doença ocasionada pela bactéria Treponema pallidum e apresenta três estágios distintos. No primeiro estágio, a sífilis primária, ocorre uma ferida no pênis, vulva, vagina, colo do útero, boca ou ânus, que aparece de 10 a 90 dias após a pessoa pegar a doença.
Ocorre que depois essa ferida desaparece, e como ela não coça e geralmente não dói, muitas vezes as pessoas não buscam tratamento e após cerca de seis meses a pessoa pode estar no segundo estágio, onde podem aparecer vermelhidões pelo corpo, mal estar, caroços pelo corpo (ínguas) e febre.
No terceiro estágio, que pode ocorrer de dois a quarenta anos após à infecção, a sífilis pode levar à falência de órgãos e complicações neurológicas, podendo levar à morte.
“O foco é no preservativo, mas é muito importante também a higiene antes e após as relações sexuais. O ideal é que a pessoa tenha relação sexual em um lugar onde a pessoa possa estar tranquilo, usar preservativo e depois tomar um bom banho, porque água e sabão são essenciais para destruir a bactéria, porque ela é uma bactéria de superfície da pele”, complementou Sandro Mendes.
A sífilis tem cura com tratamento gratuito na rede pública de saúde. Para fazer o exame, os testes rápidos que servem para HIV, sífilis, e hepatites B e C, estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde. Levam em torno de 10 a 15 minutos para ficarem prontos.