Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Uma obra lançada por 11 professores de história em Macapá aborda temas como “História de Laranjal do Jari”, “Segunda Guerra Mundial no Amapá” e “missões dos jesuítas no Estado”.
O livro “Vivendo na beira: teoria e prática no ensino de história no Amapá” foi lançado na sexta-feira (13), na na Biblioteca Pública Elcy Lacerda, no Centro da capital. A publicação é da editora Autografia.
O material é fruto da primeira turma do mestrado profissional em ensino de história da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Os temas foram os mais variados (veja foto com o índice dos 11 trabalhos).
“Essa é uma obra fruto da reflexão de professores e professoras de história que atuam na rede pública do Amapá. Nesse livro está um pouco dessa experiência do chão da escola com as reflexões construídas ao longo do mestrado. Portanto, é uma obra que reúne reflexão teórica consistente, reúne uma compreensão dos problemas da sociedade amapaense, da sua trajetória histórica e vinculando tudo isso ao ensino de história”, explicou o professor da Unifap, Sidney Lobato.
Ditadura no Amapá: “Fortaleza do medo”
Um dos autores da obra, o professor Danilo Mateus da Silva Pacheco escreveu sobre a Comissão da Verdade Francisco das Chagas Bezerra, que esclareceu eventos relacionados ao período da ditadura milita (1964-1985) no Amapá.
Ao contrário do que muitos acham, o autor afirma que no período houve violências psicológicas e físicas no Estado.
“A Fortaleza de São José, por exemplo, a comissão da verdade no Amapá, ela traz como um lugar do medo. Por que um lugar do medo? Porque foi um lugar onde as pessoas observadas pela ditadura eram sempre colocadas presas”, contou Danilo.
Heteronormatividade nas escolas
Já o professor Josean Ricardo, a partir das suas experiências em sala de aula, escolheu o tema sobre a heteronormatividade nas escolas do Amapá entre 1988 e 2018. A pesquisa de Josean demonstrou que há mudanças importantes no tratamento do tema pelas escolas com o passar dos anos.
“Em Macapá, até a década de 1990, havia uma prática de se denunciar o aluno LGBT, era uma prática comum. O aluno sofre preconceitos por vários motivos, mas, se o aluno é negro, ninguém vai chamar a mãe do aluno e lhe dizer que o seu filho é negro, ninguém vai chamar a mãe do aluno e dizer que seu filho é pobre, mas as escolas chamavam a família dos alunos para denunciá-lo como LGBT”, contou.
Segundo o pesquisador, com o passar dos tempos, com a democratização e o fortalecimentos dos movimentos sociais, essa prática por parte das escolas foi mudando.
“Hoje em dia existe o bullyng sobre esse tema entre os colegas e também dos professores para com os alunos, não existe mais da escola como instituição. Mas vale o alerta, que a história não é linha para o progresso, e o retrocesso pode voltar”, concluiu o professor de história.
Os livros estão sendo comercializados ao preço de R$ 60 e podem ser encontrados nos sites das editoras Autografia, Amazon e Martins Fontes.