Por SELES NAFES
A Polícia Civil do Amapá prendeu, na noite desta quinta-feira (26), o comandante do navio Anna Karoline III, barco que naufragou no rio Jari no último dia 29 de fevereiro. A prisão temporária foi decretada porque ele estaria interferindo nas investigações.
De acordo com o delegado Victor Crispim, da 1ª DP de Santana, que conduz o inquérito, Paulo Márcio Simões Queiroz estava orientando testemunhas antes de prestarem depoimento.
“Ele estava interferindo nos depoimentos de tripulantes, pedindo para eles falarem determinadas coisas que ele queria, como peso que estava sendo transportado, quantidade de mercadoria”, explicou o delegado.
Paulo Márcio foi preso por uma equipe da 1ª DP com apoio de policiais do Bope que estavam no local do naufrágio. O comandante do Anna Karoline estava no local acompanhando o trabalho da empresa contratada pelo governo do Estado para fazer a reflutuação do navio.
O comandante foi levado para o município de Laranjal do Jari, a 268 km de Macapá, de onde deve ser transferido para a penitenciária do Amapá ainda nesta sexta-feira (27). A prisão temporária foi decretada pela 1ª Vara Criminal de Santana, a pedido do delegado, e tem duração de 30 dias, podendo ser prorrogada.
Delegado Victor Crispim representou pela prisão. Foto: Rodrigo Índio/SN
Imagem da carga que estava sendo levada pelo Anna Karoline III: tripulantes estariam sendo orientados a mentir nos depoimentos
Indiciamento
O delegado Victor Crispim acredita que o inquérito ainda deverá durar cerca de 60 dias, porque muitas testemunhas, sobreviventes e outras pessoas ainda precisam prestar depoimento. Por enquanto, ainda não há indiciamentos.
“Mas como há indício de autoria, o comandante deverá ser indiciado por homicídio doloso”, adiantou.
Além dos depoimentos, o trabalho da Polícia Civil ainda vai depender de um amplo trabalho de perícia, especialmente no navio que deverá ser içado no próximo sábado (28).
O navio Anna Karoline III matou 34 pessoas, mas parentes acreditam que mais corpos devem estar dentro da embarcação, que está submersa a 12 metros. A principal suspeita da polícia é de que a embarcação estava com excesso de carga.