Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
David Rocha Ferreira, de 5 anos, está internado no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) com suspeita de um tumor em um dos olhos e de glaucoma no olho direito. A mãe da criança fez um apelo hoje (7) emocionado pela transferência do filho, que pode ficar cego.
*A Sesa informou que o menino será transferido para um hospital no Pará tão logo haja a confirmação de leito e de profissional especializado.
Raimunda Noelina Soares Rocha, de 35 anos, é professora. Ela teve que parar de trabalhar para cuidar dos filhos. O mais velho, de 11 anos, tem autismo. Já o mais novo, David, nasceu com descolamento de retina, catarata congênita e agora tem duas suspeitas graves nos olhos que podem levá-lo a perder a visão.
Por conta dos problemas na retina e da catarata, o olho esquerdo de David já não tem mais nenhuma visão. Neste olho, para piorar, há a suspeita do crescimento de um tumor. Já no olho direito, há a suspeita de glaucoma, doença que atinge o nervo óptico.
O glaucoma é uma doença que não tem cura, mas tem tratamento e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos que podem conter a pressão intra ocular. O aumento da pressão é o que ocasiona a ruptura de nervos que levam as imagens captadas pela retina dos olhos até o nosso cérebro. Uma vez rompidos, esses nervos não têm tratamento na medicina atual.
No Amapá, os médicos informaram para Noelina que os recursos disponíveis já chegaram até onde era possível. David foi inscrito no programa de Tratamento fora do Domicílio, o TFD. No entanto, a mãe foi informada que o Estado do Amapá tem débitos com outros estados e por isso a transferência não ocorreu.
“Me falaram que ele tem que sair daqui, aí o hospital de Belém (PA) informou que como o Amapá está devendo, não tem vaga para meu filho. Ele não está sendo aceito. Estou desesperada. E se meu filho ficar cego?”, disse Noelina.
David
Noelina contou que apesar dos problemas de visão, o filho tinha uma vida relativamente comum. Gosta de brincar, ia à escola e fazia tudo o que as demais crianças faziam. Aos seis meses, ela percebeu que ele não tinha uma visão normal.
Ela procurou pediatras e foram tratando as patologias. Mas, há cerca de três meses, as fortes dores de cabeça voltaram a preocupar. Foi aí que se iniciou a nova via crucis. A família tem poucos recursos, o pai trabalha como ajudante de obras e a mãe se dedica aos filhos.
A criança sente dores, reclama para a mãe quando os efeitos dos analgésicos passam. A mãe se sente desesperada com a dor do filho.
“Eu faço um apelo, quero que o Estado libere, que arque com exames e o tratamento do meu filho lá fora. Estou com muito medo dele perder a visão”, concluiu a mãe.
Leito e profissional; o que diz a Sesa
A Secretaria de Saúde do Amapá esclareceu que a demora na transferência não ocorreu por falta de recursos, mas de leito e de profissional disponível no primeiro hospital que recusou receber o menino.
“Vale ressaltar que a Sesa já está em contato com outro hospital, localizado no município do Pará e assim que sinalizado a garantia do leito o paciente será transferido com todo serviço especializado do Estado, entre eles, a Unidade de Terapia Intensiva Área”.