Por RODRIGO ÍNDIO
Um sentimento de dor imensurável tomou conta de familiares e amigos das vítimas do naufrágio do navio Ana Karoline III, que ocorreu na manhã de sábado (29), no Rio Amazonas, no Sul do Amapá.
Nesta segunda-feira (2) um dos primeiros corpos encontrados está sendo velado em Macapá. Trata-se da dona de casa Marlene de Souza Alves, de 67 anos.
O corpo dela chegou na noite de domingo na capital amapaense e está sendo velado em uma capela na rua Jovino Dinoá com avenida Coaracy Nunes, no Centro da cidade.
Moradora do bairro Jesus de Nazaré, ela era mãe de seis filhos e viajava com a irmã, Iolanda, a nora Rosinete, e a neta Lorena, de apenas oito anos, além de outros amigos, para a cidade de Almeirim (PA). Lá, ela iria celebrar o aniversário de seu filho caçula no sábado (29), dia da tragédia.
Do grupo de 14 pessoas que Marlene fazia parte, 4 pessoas foram resgatadas com vida, o restante está desaparecido, incluindo Iolanda, Rosinete e a menina Lorena.
Muita emoção e lembranças marcaram a despedida. Mesmo sendo um momento difícil, a família desabafou e acredita que houve imprudência por parte dos responsáveis pela embarcação.
“Temos a informação que depois que saíram do porto, abasteceram mais carga no Matapi. Tem que ter uma fiscalização mais rigorosa, porque muitas vidas poderiam ter sido preservadas. Estamos indignados, o governo não passa nenhuma informação concreta e isso machuca ainda mais a família”, disse o policial Adailson de Souza Alves, filho de Marlene.
Ele também se emocionou ao descrever a mãe.
“A minha mãe foi mãe e pai para todos os filhos. Ela soube nos educar e chegamos onde estamos por intermédio dela. Batalhou com a venda de salgados e nunca deixou ninguém cair no mundo da perdição. Hoje sou oficial da polícia, meu irmão advogado, professor e outros têm seus empregos, também, tudo por intermédio dela. Ela era muito ativa, não tinha tempo ruim para ela. Mãezona vai deixar saudades”, disse, emocionado.
O irmão de Adailson, o advogado Ademir, também está muito abalado. Afinal, além do falecimento da mãe, ele vive o drama do desaparecimento da sua filha e esposa, Rosinete e Lorena.
Outros filhos de dona Marlene alugaram uma embarcação para ajudar nas buscas e foram para o local do naufrágio.
O enterro deve ocorrer na terça-feira (3), ainda sem horário definido. A família aguardará os outros filhos chegarem em Macapá para o sepultamento.