Sobrevivente foi salvo por amiga que morreu no naufrágio

Márcio Rodrigues e a esposa Alexandra viajavam num grupo de 18 pessoas para um aniversário em Santarém
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Por SELES NAFES

O técnico em energia solar Márcio Rodrigues dos Santos, de 45 anos, retornou para Macapá no fim da tarde de hoje (6) depois de permanecer no local do naufrágio do navio Ana Karoline III desde o último sábado (29), quando ocorreu a tragédia. Ele queria acompanhar as buscas pelo corpo da esposa.

Márcio estava casado com a professora Alexandra Barbosa dos Santos, de 45 anos, havia mais de uma década. A única filha do casal, de 7 anos, ficou em Macapá com os tios.

Márcio e Alexandra estavam no grupo de 18 pessoas que ia para um aniversário em Santarém (PA). Dos 18 componentes do grupo, apenas quatro conseguiram se salvar. Dez eram da mesma família.

“Uma das amigas que morreu do nosso grupo foi quem me salvou”, revelou ele.

“Ela me acordou para que eu ouvisse um barulho estranho. Só que esse barulho já era o navio afundando. Eu estava próximo a uma janela. A maioria estava dormindo e não teve a mesma sorte”, recordou.

O sobrevivente disse que teve poucos segundos para procurar a esposa e tentar se salvar.

“A rede dela estava quase do lado da minha, mas ela estava acordada. Me disseram que estava perto da cozinha. Não sabemos se não deu tempo de ela correr. Eu ainda gritei pelo nome dela. Tive alguns segundos para procurar ela e me salvar”.

Helicóptero do GTA sobrevoa local. Fotos: Max Renê/PMM

Vinte e cinco mergulhadores continuam as buscas

Equipe da Polícia Técnica

“Quando o navio afundou, eu fiquei na janela e tentei ver qual era o lado mais próximo para nadar, mas não via nada. Estava ventando, escuro. Me atirei na água sem saber para onde estava indo”.

Márcio voltou para Macapá depois de perceber, segundo ele, que os esforços de resgate estariam diminuindo.

Vinte e cinco mergulhadores estão na região trabalhando todos os dias. Eles são bombeiros dos estados do Amapá, Pará e Amazonas, estes especializados em resgates após naufrágios. O governo do Amapá anunciou que irá contratar um guindaste para içar o navio.

Parentes e sobreviventes no local

…acompanham as buscas

Apoio

Há poucas famílias e sobreviventes no local do naufrágio, no rio Jari, sul do Amapá. A maioria retornou para suas cidades, como Almeirim (PA), Santana (AP), Macapá (AP) e Santarém (PA).

Os parentes e sobreviventes estão a bordo de um barco da prefeitura de Macapá que levou para a região psicólogos, assistentes sociais, cozinheiros e guardas municipais, além de mantimentos e combustível para os barcos que atuam nas buscas. A prefeitura também havia doado urnas funerárias.

Assistentes sociais da prefeitura em barco da prefeitura de Almeirim

…e Defesa Civil Municipal estão no local

Equipe da prefeitura que está dando apoio às famílias e sobreviventes

O prefeito Clécio Luís (Rede) enviou uma nova equipe para substituir a que está no local do naufrágio desde o último dia 3, e que já estavam cansados.

“Os poucos familiares estão no local sofrendo para garantir que não parem as buscas pelos corpos.

Nos pediram para manter a nossa equipe lá e o nosso barco não tem data para retornar”, assegurou a secretária de Assistência Social, Mônica Dias.

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