Por SELES NAFES
Nos últimos 40 anos, pelo menos três grandes tragédias fluviais ocorreram na região Sul do Amapá, mais especificamente nos rios Jari e Cajari, matando centenas de pessoas. O primeiro e mais famoso deles, em 1981, deixou quase 400 pessoas mortas.
Na noite de 6 de janeiro de 1981, o navio Novo Amapá, que também partiu do Porto de Santana, virou no Rio Cajari com cerca de 600 pessoas a bordo. A capacidade era para 250 passageiros.
Os corpos de mais de 370 vítimas estão sepultados em covas coletivas no único cemitério de Santana. Até hoje, ninguém foi punido pela tragédia atribuída a um aprendiz que teria manobrado a embarcação em direção a um banco de areia, fazendo o navio superlotado tombar.
Em 2002, também no mês de janeiro, outra tragédia na região ficaria marcada na história do Estado. Às 5h do dia 26 de janeiro, o barco motor Cidade de Óbidos naufragou no Rio Jari.
No total, 180 pessoas estavam a bordo e sete morreram, entre elas a jornalista e ex-apresentadora da Rede Amazônica e SBT, Simone Teeran. O barco, que também havia partido do porto de Santana, levava políticos, assessores e militantes para um comício em Laranjal do Jari.
A causa do acidente foi o choque com uma balsa, o que ocasionou um rombo no casco da embarcação de 3 andares que afundou em menos de 15 minutos.
A Marinha Brasileira abriu inquérito administrativo para apurar as causas do acidente com o navio Ana Karoline III, ocorrido no último sábado (29) no Rio Jari. Até agora, foram confirmadas 13 mortes e um número ainda incerto de desaparecidos.
Ao contrário do setor aéreo, o transporte fluvial de passageiros é pouco fiscalizado em razão da grande quantidade de embarcações perto do contingente da Capitania dos Portos, órgão da Marinha encarregado desse trabalho.
As embarcações não possuem listas de passageiros, e a desorganização aumenta porque é comum que os barcos e navios façam paradas em municípios que estão no percurso para desembarque e embarque de passageiros e cargas.