Por SELES NAFES
A Superintendência da Vigilância em Saúde (SVS) disse hoje (20) que é extremamente perigoso reabrir o comércio, mesmo com as medidas de higiene e educação propostas pela Federação do Comércio do Amapá (Fecomércio). Nesta segunda-feira, o Estado completa um mês de uma quarentena oficial, que na prática tem demonstrado ser apenas parcial.
Os primeiros decretos estadual e municipal que suspenderam as atividades comercias, religiosas e esportivas foram editados no dia 19 de março, mas entraram em vigor no dia seguinte. Foram liberados apenas os segmentos considerados essenciais, como farmácias, supermercados, mercantis, padarias, bancos e açougues, entre outros.
No dia 4 de abril, o governador Waldez Góes (PDT) e o prefeito Clécio Luís (Rede) editaram novos decretos, desta vez permitindo atividades como a dos hotéis e regulamentando os serviços funerários. Shoppings e o centro comercial permaneceram fechados. No último sábado (16), houve nova renovação dos decretos com as mesmas medidas restritivas.
Ontem pela primeira vez, a Fecomércio se posicionou publicamente contra as medidas. O presidente da federação, Eliezir Viterbino, disse que existem maneiras seguras de retomar a economia preservando a saúde de funcionários e clientes, mas não é o que pensa o superintendente da SVS, Dorinaldo Malafaia.
“Seria contraditório nesse momento de crescimento exponencial da doença o poder público afrouxar nas medidas”, avaliou ele, se referindo aos 416 casos e 11 mortes registradas até ontem.
“É completamente arriscado liberar. Nós de fato estamos na epidemia. Não é mais surto, não é mais pontual. A proposta do comércio só vai expor mais as pessoas à contaminação”, acrescentou.
Exemplo da Guiana Francesa
O sistema que monitora o deslocamento de telefones celulares no Brasil, e que serve de base para as autoridades avaliarem o grau o isolamento, revelaram que em Macapá 56% da população voltou a sair de casa diariamente.
Para Malafaia, essa mudança de comportamento coincide com momentos em que o presidente Bolsonaro usou a retórica da volta à normalidade.
“Essa polêmica nacional tem refletido como autorização para ir à rua, tem estimulado a desobediência às decisões dos governadores. Existe um motivo para a Guiana Francesa ter apenas 90 casos e nenhuma morte. Lá, a população está cumprindo o isolamento”, comparou.
Neste momento, acrescentou, a SVS está se dedicando a criar cordões sanitários residenciais nos lares em que há pacientes com a covid-19. A ideia é qualificar informações e acompanhar famílias e vizinhança para impedir que haja propagação.
“Temos casos em que uma rua inteira está de cama”, disse.