Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com mais de 26 litros consumidos de açaí por ano, em média, o amapaense é quem mais bebe do insumo da pequena fruta amazônica no país.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares do instituto, divulgada na última sexta-feira (3), investigou os hábitos de consumo dos lares brasileiros no período entre julho de 2017 a julho de 2018. No Amapá, mais de 700 residências compuseram a amostragem.
Após o Amapá, na segunda colocação, aparece o Estado do Pará, com cerca de 16 litros de açaí consumidos, em média, por pessoa durante um ano. No restante do norte, a média cai para cerca de 9,5 litros e em outros estados cerca de 1 litro por ano.
Reações
A divulgação da pesquisa gerou diversas reações. Por um lado, nas redes sociais, paraenses discordaram dos números e com a segunda colocação. Por outro lado, admiradores de açaí dos dois estados acham que a pesquisa está errada, pois acreditam que consomem muito mais açaí do que o IBGE apontou.
Joel Lima, supervisor de disseminação de informação do IBGE, explicou como o cálculo é feito.
“É importante ressaltar que esse cálculo é uma média. As pessoas que consomem, consomem muito mais do que aquelas que não consomem de jeito nenhum. Aí as pessoas que consomem irão dizer ‘ah, na minha casa se consome muito mais do que isso’, o que de fato é, porque a gente dividiu esse número por 813 mil pessoas que era a população do Amapá em 2018”, declarou Joel.
Sabor Açaí
Para falar sobre a divulgação dos resultados da pesquisa, o Portal SelesNafes.com conversou com Joãozinho Gomes, poeta paraense radicado no Amapá há muitos anos e autor do clássico “Sabor Açaí”, icônica música da Amazônia famosa na voz de Nilson Chaves.
Bebedor de açaí quase diário, Joãozinho confessou também ter dúvidas sobre os números da pesquisa. Para ele, os números do Amapá estão mais próximos da realidade do que os do Pará, que estariam deficitários segundo sua experiência própria.
Mas o poeta não se ateve a isso. Relembrando da canção, destacou o verso – que considera ser um dos três melhores da sua carreira – “Tens o dom de seres muito, onde muitos não tem nada”, e lamentou que hoje perceba o preço do produto muito mais elevado do que era na sua época de garoto em Belém do Pará.
“Eu estava em São Paulo e escrevi essa letra com saudade de Belém. Se não me falha a memória, eu passei essa letra por telefone para o Nilson Chaves e ele musicou e logo em seguida a música fez um sucesso danado em Belém. E quando eu voltei em Belém me surpreendi, porque ela estava tocando em todo lugar, virando nome de estabelecimentos, foi um zum zum zum danado”, relembrou o poeta.
Independentemente se é com tapioca, farinha d`água, com açúcar, como suco ou com nada, se lhe chamam açaizeiro ou Jussara, o açaí é preferência destacada deste pedaço do Brasil. E como diz Joãozinho: que nunca nos falte!