Com feiras em rodízio, pupunha leva colorido a esquinas de Macapá

A pupunha é uma unanimidade entre os nortistas
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Entre fevereiro e maio de todos os anos, as feiras e várias esquinas de Macapá ficam mais bonitas com as variadas cores, tamanhos e tipos de pupunha. Traço marcante dos costumes da Amazônia, a iguaria faz a cabeça e alimenta o amapaense, especialmente acompanhada de um bom café preto. 

Mas não apenas com café. As variações e utilidades são muitas. Após cozida só com sal, tem gente que come com mel, tem gente que mistura com farinha de mandioca, outros com limão e até aqueles que, segundo a crença popular, não dispensam nem o caroço da pupunha, adquirindo certa dificuldade intelectual após o ato.

Pupunhas trazem colorido típico da época do ano. Fotos: Marco Antônio P. Costa

Também seu palmito tem sabor apurado, embora menos comum em nossa região. Uma novidade dos últimos anos é que pupunha tem frequentado os melhores restaurantes e feiras gastronômicas do país, especialmente na forma de purê.

A pupunha é fruto da pupunheira (Bactris gasipaes) palmeira com incidência na América Central e na região amazônica. Geralmente tem um caule com muitos espinhos, o que faz com que a colheita dos cachos do fruto tenha que ser feita através de escadas.

A safra acontece logo no início dos períodos chuvosos, no inverno amazônico. Na mata, aves, antas, pacas, porcos e diversos outros animais se alimentam do fruto. A pupunha consumida no Amapá vem de várias regiões. Do Matapi, das Ilhas do Pará e da Perimetral Norte (BR-210). Aqui é principalmente nativa, mas também é plantada.

Junielson sempre negocia o preço

Variação no preço

Nos meses de janeiro e fevereiro, geralmente a pupunha é encontrada nas feiras um pouco mais caras. Em Macapá, já chegou a ser comercializada por R$ 15 o quilo nesta safra. Mas agora, no auge da extração, pode ser encontrada até por R$ 6 o quilo. Com a liberação das feiras em sistema de rodízio, por causa do novo coronavírus, elas voltaram a aparecer.

“É que agora estamos na “lavagem” [época de maior produção], entre março e abril, então tem mais pupunha. O mais importante é o cliente vir aqui na nossa feira, valorizar o produtor. Vindo, a gente negocia preço”, declarou Junielson Marques, da Feira da São José, localizada nas proximidades do Mercado Central.

Berenilda vende pupunha há dois anos perto da Feira do Produtor

Próximo da Feira do Produtor, no bairro Novo Buritizal, zona sul de Macapá, encontramos Berenilda Melo Santos, que vende pupunha há mais de dois anos. Os dois filhos, Ingrid e Gabriel, no período em que não estão na escola, acompanham a mãe na venda das mercadorias. Ela diz que nesse período é um dos produtos mais vendidos.

“Aqui comigo tá R$ 6 e dois [quilos] sai por R$ 10. Tem época que dá mais mesmo, por isso o preço muda. Também vendo já cozida, tem preço de R$ 2 e de R$5”, explicou Berenilda.

Agno vende pupunha produzida em Serra do Navio

Por último falamos com Agno Caldeira da Silva. Ele é dono de uma dessas barraquinhas que ficam na esquina da Avenida 13 de Setembro com Rua Santos Dumont, no bairro Buritizal. Com o vendedor, o preço também pode variar, e ele oferece a vantagem para o cliente que estiver passando não ter que ir na feira.

“Minha pupunha vem da Serra do Navio, mas em vários outros lugares de pupunha boa. Aqui comigo a pessoa vem no banco, por exemplo, e pode sair com seu pacotinho de pupunha”, falou o vendedor.

Amarelados, de cor laranja, vermelhas ou verdes, não importa, a pupunha é realmente uma boa pedida que, além de aquecer a economia para pequenos agricultores e feirantes, agrada ao paladar do amapaense.

Seles Nafes
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