O dia a dia de quem se arrisca para manter a cidade limpa na pandemia

Garis de Macapá estão na linha de frente e saem às ruas todos os dias para manter a higiene na capital do Amapá.
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Por RODRIGO ÍNDIO

Enquanto milhares de amapaenses se recolhem ao confinamento para se proteger do contágio do coronavírus, profissionais de linha de frente saem às ruas todos dias para combater a pandemia.

O país tem demonstrado seu agradecimento a esses profissionais, principalmente os da saúde e segurança, que são homenageados com palmas nas janelas de casas e apartamentos do Brasil.

No entanto, outros profissionais têm enfrentado riscos para proteger a população. Um deles é o gari.

…ajudar a manter a cidade limpa contra a pandemia. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Em um flagrante feito pelo Portal SelesNafes.com no cruzamento da Avenida Ernestino Borges com Rua Hamilton Silva, no bairro Jesus de Nazaré, dois trabalhadores descansavam estirados numa calçada. A imagem leva à reflexão.

Quantos profissionais não fariam de tudo para estar no conforto de sua casa e no aconchego de sua família se pudessem? Com certeza vários.

Mas a realidade é outra. Enquanto parte da população persiste em descumprir as medidas de isolamento e circulação de pessoas decretadas pelos governos municipal e estadual, esses trabalhadores vão à luta, por extrema necessidade de garantir seu sustento, e para fazer o bem para o povo.

O descanso, mesmo que curto, é merecido

A gari Margarida Edicilene, de 49 anos, acorda quando o sol ainda nem raiou para ir à labuta. Faz isso há 7 anos. De varrida em varrida, ela sustenta três filhos e um neto com o trabalho de limpeza de ruas e em um breve bate-papo contou como vê o momento.

“Todos os dias pego às 6h da manhã e trabalho até as 14h, pra gente não tem tempo ruim. Vejo que esse momento a gente não pode parar de trabalhar pois a cidade precisa ser limpa, então quem pode fica em casa, e deixa que a gente trabalha. Só fico com receio porque o povo não respeita algo tão sério”, opinou Margarida, fazendo referência ao descumprimento da quarentena.

Margarida Edicilene: “Vejo que esse momento a gente não pode parar de trabalhar pois a cidade precisa ser limpa”

Já Sené Ramos, de 55 anos, é encarregado da área de capina dos “vermelhinhos”. Senhor muito simpático, ex-jogador profissional de futebol, ele enfatizou que o sacrifício é válido para quem busca manter a cidade organizada e que a equipe não se limita a trabalhar em época de pandemia porque é um serviço essencial na cidade.

Sené Ramos: “quem puder, fique em casa porque estamos nas ruas por vocês”

“Recebemos orientações sobre os cuidados contra o coronavírus, que veio para complicar a situação principalmente dos trabalhadores, como no nosso caso que trabalhamos direto por diversos pontos da capital tudo fica mais delicado. Mas estamos equipados e tomando todos os cuidados para evitar o contágio. Digo: quem puder, fique em casa porque estamos nas ruas por vocês”, solicitou.

Todos os dias eles têm a mesma rotina. Faça chuva ou faça sol, o trabalho não para. E sempre estão com simpatia e um sorriso rosto. Agora eles também atuam na higienização e desinfecção de toda a cidade.

Antes de iniciar uma das ações em logradouros públicos, todos os trabalhadores formam uma grande roda e pedem proteção de Deus

Outra cena chamou a atenção: antes de iniciar uma das ações em logradouros públicos, todos os trabalhadores formam uma grande roda e pedem proteção a Deus para que ocorra tudo bem durante mais um dia de trabalho.

São 320 Senés e Edicilenes que atuam na capital e nos distritos de Macapá. Todos prestam serviço na Zeladoria Municipal da cidade. Eles são o reflexo de que a fé, juntamente com o cumprimento das medidas de precaução, podem dar a esperança para superar essa crise.

Seles Nafes
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