Por RODRIGO ÍNDIO
Pais de alunos fizeram uma manifestação nesta quarta-feira (22), em frente à Escola Municipal Vera Lúcia Pinon, no bairro Infraero II, zona norte de Macapá. O protesto é pelo não recebimento de kits de merenda escolar que foi disponibilizado na instituição.
De acordo com os pais, a direção da escola orientou que, a partir da última sexta-feira (17), poderia ir até a instituição pegar os kits quem não estivesse cadastrado em programas sociais dos governos federal e estadual, em situação vulnerável e tivesse passado no processo de seleção interno.
Mas, segundo a desempregada e mãe de aluno Maria Luciane, de 29 anos, essa entrega não ocorreu.
“Vim na sexta e não me deram nada. Passei no sábado, mas não tinha nada aqui e não deram kit. Falaram que ligaram para o nosso número, mas nunca que ligaram. Se a gente tá aqui brigando pelo direito dos nossos filhos no sol, vocês acham que não iríamos atender o telefone? Eles tratam a gente mal aqui. Liguei pra prefeitura e falaram que tínhamos direito por nossa condição”, disse.
Izete Ferreira Dias, de 36 anos, conta que nem sequer foi recebida na recepção da escola. Ela também não recebe nenhuma bolsa e está precisando do kit para ajudar na alimentação da filha de 9 anos.
“Seria muito bem-vinda essa ajuda, só que não sei como fizeram essa escolha. Pensei que teria pra todo mundo, assim como nas escolas do Estado. Fica chato pra nós, precisar e ficar mendigando algo que é público e nem sequer ter uma explicação de ninguém”, opinou.
Érica de Jesus, de 30 anos, vive na mesma situação das outras mães. Está desempregada e não recebe nenhum benefício. Para ela, faltou um diálogo e organização na hora do processo de triagem que segundo ela ninguém sabe como foi feito.
“A maioria que está aqui não tem emprego e não recebe benefício. Esse kit serviria muito. O diretor não dá uma justificativa concreta, já que era pra distribuição ocorrer de forma gradativa e aqui acabou na sexta. Muitos não foram beneficiados e agora nossos filhos estão sem”, desabafou.
Até quem recebeu a “seleção interna da escola” não pôde receber o kit, segundo afirmou o autônomo e pai de aluno Dilson Nunes, de 38 anos.
“A professora me mandou mensagem pra eu vir hoje de manhã. Chego aqui nem quiseram falar comigo. Quero um resposta pra saber como ficará essa situação”, comentou o autônomo ao mostrar a mensagem da professora de seu filho.
Uma grande aglomeração se formou na frente da escola, o que vai contra os decretos estadual e municipal que visam a propagação da covid-19. Durante o ato, a Guarda Municipal foi acionada para conter os ânimos.
Direção
Procurado, o diretor da escola, Reginaldo Santos, recebeu a reportagem, mas se negou a gravar entrevista e ter sua imagem divulgada.
Em conversa, ele detalhou que a distribuição foi feita em dois momentos a partir do processo de triagem feito de acordo com o que determina a Semed. No primeiro momento, no dia 4 de abril, foram distribuídas 48 cestas básicas. E no segundo momento, nos dias 17 e 18 de abril, foram distribuídos 71 kits de merenda.
O gestor também afirmou que infelizmente alguns pais não atualizam o cadastro do filho no sistema da escola. Como com alguns deles não foi obtido o contato, eles foram substituídos porque os alimentos eram perecíveis.
Disse ainda, que não têm mais cestas ou kits na escola que atende cerca de 1.016 alunos do ensino fundamental 1 e EJA.
Semed
Em nota, a Semed informou que o processo de distribuição dos kits está sendo feito de forma gradativa e pretende atender o maior número possível de alunos, porém, o recurso repassado ao Município pelo governo federal para a aquisição de merenda escolar é insuficiente para atender aos quase 35 mil alunos da rede.
O Município recebe do governo federal para a aquisição da alimentação escolar R$ 0,36 diário por aluno do Ensino Fundamental, R$ 0,32 por dia para o aluno da EJA, R$ 0,53 dia para a pré escola e R$ 1,05 para os alunos da creche para a aquisição da merenda.