Por RODRIGO ÍNDIO
O filhote de peixe-boi fêmea e o jacaré de 4 metros encontrados na Orla de Macapá na semana passada iniciaram os procedimentos de avaliação para serem reintroduzidos ou não na natureza.
As duas espécies chegaram feridos e bastante debilitados ao Bioparque da Amazônia. Agora cada um tem seu espaço fixo para receber cuidados diários de especialistas.
Peixe-boi
O filho de peixe-boi foi encontrado na sexta-feira (17) na orla do Perpétuo Socorro. O animal chegou a ser carregado por moradores que fizeram diversas selfies (o que não é recomendado) e acionaram a PM. No sábado (18), o animal chegou ao Bioparque com ferimentos pelo corpo, principalmente lesões na região dos olhos.
A rotina do animal, de cerca de um mês de vida, é num tanque onde a água é trocada um dia sim outro não. Há vegetação aquática para adaptação e ele mama entre 8h da manhã e 17h no intervalo de 2h para cada mamada e com dieta especial.
A fêmea está se recuperando e se adaptando bem com a piscina. Segundo a veterinária do Bioparque, Marina Bezerra, o procedimento de reintrodução deve durar aproximadamente dois anos.
“É possível retornar através do processo de reabilitação. Até os dois anos na natureza, ele só mama exclusivamente na mãe. A partir de um ano e meio ele recebe alimentação de acelgas, verduras e frutas. Então como está conosco, vamos adaptando esse animal até poder ser reintroduzido a seu habitat”, disse a veterinária.
A área onde está o peixe-boi é restrita, já que ele não pode ter muito contato com o público para não influenciar na reabilitação. Mas, será avaliado se o animal poderá ou não ser visto por poucos visitantes, após o período de pandemia.
Essa é a segunda espécie de peixe-boi no Bioparque. No fim de janeiro de 2020, o local recebeu a primeira espécie de peixe-boi também fêmea. Assim, atualmente, há duas fêmeas que estão sob os cuidados da equipe de tratadores do espaço.
Jacaré
O jacaré-açu foi encontrado na orla do Santa Inês, no domingo (19), por populares próximo ao píer onde aportam as embarcações. Ele chegou ao Bioparque logo após ser capturado.
O animal chegou bastante debilitado, com uma cicatriz na parte do abdômen e cego do olho direito. Como estava bastante fraco e magro (com escore corporal baixo), o réptil está sendo alimentado todos os dias com frango, carne bovina e peixe vivo.
Ele tem uma ampla área para transitar e com direito a tanque. Porém, não há um tempo específico para que o jacaré seja reintroduzido à natureza.
“Vamos observando o comportamento e a melhora dele com a alimentação e os cuidados para fazermos a reabilitação e posteriormente a reintrodução”, ponderou a veterinária Marina Bezerra.
A administração do Bioparque explicou ainda que a aparição de espécies de animais silvestres na zona urbana da capital pode estar ocorrendo por três motivos: o avanço da caça predatória, do desmatamento das florestas, além de fenômenos da natureza, como o período de lançante das marés. Os animais estariam procurando abrigo para se proteger.