Por RODRIGO ÍNDIO
Os trabalhadores e donos de bares e restaurantes da praia do Distrito da Fazendinha, a 12 km do Centro de Macapá, clamam por ajuda e buscam ser ouvidos. As medidas de isolamento social afastaram completamente os clientes.
Há semanas, parte dos empreendedores não vende nada. Alguns até tentam atender por delivery, mas a distância do balneário e a falta de divulgação impedem.
Em media, 130 trabalhadores diretos e indiretos dependem 100% do serviço no local, segundo dados da própria categoria. A reserva financeira da maioria acabou. Os funcionários, sem trabalho, passam necessidade.
O garçom Igor Alexandre, de 39 anos, trabalhou por toda sua vida no restaurante de sua mãe. Com a crise, ele utilizou suas últimas economias para comprar uma malhadeira para buscar garantir o almoço da família.
“A gente tem que se virar pra comprar as coisas pra casa e hoje em dia estou aqui na beira do rio pra pegar peixe pra gente poder se alimentar e sobreviver. A situação tá feia pro nosso lado, não temos mais de onde tirar para se manter. De 100% podemos dizer que caiu pra 0% a venda, agora me diz: como vamos viver?”, questionou o homem.
Mirene Abdon, de 69 anos, há quatro décadas tem um restaurante no ponto turístico. A matriarca sustentou todos os 5 filhos com a renda de seu trabalho e está amedrontada com a situação.
“Nunca passamos por uma dificuldade como estamos passando agora, nem no tempo da cólera. Hoje se você olhar nos freezers e dispensas não tem nada. Não tem o que vender, porque não pode vender, não pode comprar nada com o pouco que nos resta, estão espero que busquem nos ouvir, suplico, queremos trabalhar mesmo com 30% do efetivo”, sugeriu a idosa.
Já o empreendedor Marcos Araújo detalha que o pouco do estoque de mercadorias de seu restaurante que ainda tinha, foi dividido com os funcionários. Para ele o momento é de caos e além dos proprietários, os mais afetados são cozinheiros, garçons e auxiliares. Todos precisam de ajuda.
“Estamos respeitando os decretos, mas queremos ser escutados e tentar adequar o funcionamento aqui, pois não há mais margem para o sustento, a gente sobrevive desse mercado. Muitos funcionários foram demitidos e estão passando necessidade. Queremos diálogo para trabalhar”, ponderou.
Algumas das propostas da categoria é abrir os estabelecimentos respeitando as normas de higiene, espaçamento e trabalhar de forma consciente para passar segurança para o cliente e ter como se sustentar.
Durante a reportagem, viaturas de fiscalização passavam a todo momento pelo local.
Os donos de bares e restaurantes buscam a sensibilização dos clientes para comprar via delivery, bem como solicitar a doação de alimentos para serem montadas cestas básicas que serão destinadas aos funcionários.
Quem tiver interesse em colaborar com os trabalhadores pode entrar em contato com Raquel Souza pelo (91) 98734-0300 (WhatsApp).