Por RODRIGO ÍNDIO
No último dia 20, viralizou o vídeo onde o diretor da Unidade Básica de Saúde Lélio Silva, a maior de Macapá, foi flagrado chorando. Ele não tinha recebido resposta da rede estadual para encaminhar pacientes com a covid-19 que precisavam ser internados. Faltam leitos, e muitos pacientes estão sendo internados de forma improvisada nas UBSs.
Atuando na área da saúde há 16 anos, Emanoel Martins conversou com o Portal SelesNafes.Com e revelou que o choro foi um desabafo. Segundo ele, são comuns as cenas de pessoas implorando pela vida e familiares sofrendo por seus entes.
“Amo ajudar as pessoas. Sofro junto. Me dedico ao máximo, tenho uma energia enorme, faço atletismo, então não tenho cansaço, mas sou humano. Chorei pela falta de apoio do Estado com essas vidas. O que puder fazer por essas pessoas eu vou fazer. Estamos tendo apoio só da prefeitura para não deixar faltar nada e apoiar a quem precisa”, comentou.
Com a circulação do vídeo nas redes sociais, vieram algumas especulações. Emanoel tranquilizou.
“Alguns colegas ficaram preocupados comigo, pensando que eu estava abalado psicologicamente. Não, eu estou bem de saúde mental graças a Deus. Saí de um problema de depressão e fiquei afastado da unidade, retornei há meses. Continuarei aqui, lutando pelos pacientes e pelos leitos de UTI até o fim”, reforçou.
Emanoel faz constantes publicações em seu perfil no Facebook falando da falta de leitos na rede estadual. Segundo ele, a UBS Lélio Silva está lotada por receber demandas de todos os lugares.
“Os pacientes precisam ser transferidos para receberem os cuidados nos leitos clínicos e interativos. Os dois, que estavam precisando urgentemente de atendimento. morreram ontem. Outros dois ainda estão precisando ser transferidos. Com relação aos dias anteriores, hoje, com a repercussão deu uma aliviada”, detalhou o diretor.
Só no Lélio Silva, o enfermeiro já foi por 4 anos coordenador de enfermagem, 3 anos diretor-adjunto e está há 6 como diretor da UBS.
O Portal SN procurou a Secretária de Estado da Saúde (Sesa), que ficou de se posicionar, mas não respondeu aos questionamentos até o momento desta publicação.